Resumo
RESUMO
Introdução: O câncer gástrico é a quinta neoplasia mais diagnosticada no mundo, muito prevalente na América do Sul. Os principais fatores de risco são a predisposição genética, tabagismo, alimentação, o H. pylori e outros. É por sua evolução insidiosa, com sintomas inespecíficos, o diagnóstico costuma ser atrasado. A depender do estágio de desenvolvimento, a gastrectomia é o método mais eficaz de tratamento. Ainda não há consenso quanto a melhor técnica de reconstrução, pois diversas foram desenvolvidas para alcançar melhores resultados nutricionais e qualidade de vida. Entre elas, destaca-se a Y de Roux (YR), que impede o trânsito de conteúdo pelo duodeno ao se realizar uma esofagojejunostomia com enteroenteroanastomia entre o jejuno e a alça biliopancreática. A técnica Rosanov modificado (RM) tem sido avaliada como opção à YR por permitir fluxo duodenal adicionando uma anastomose jejuno-duodenal. Objetivos: Comparar as técnicas de reconstrução após gastrectomias totais RM e YR quanto aos seus resultados ponderais, nutricionais e funcionais. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo longitudinal com participantes submetidos a gastrectomia total oncológica com reconstrução de trato por RM ou YR entre 1989 e 2023 em um hospital universitário. Foram analisados dados demográficos, clínicos, antropométricos, laboratoriais, histológicos, operatórios e medidas adotadas no pós-operatório. Resultados: Foram incluídos 28 participantes, com 19 deles submetidos a reconstrução por YR. A maioria era do sexo masculino; de idade média: 62,25 ± 14,54 anos e IMC médio prévio 25,51 ± 4,78kg/m², ambos menores no grupo RM; tipo histológico predominante: adenocarcinoma tubular (67,9 ). A vesícula biliar foi o órgão adjacente mais resseccionado em ambos os grupos, seguida pelo baço. Cinco pacientes precisaram de reabordagem, sendo 4 do grupo YR. A suplementação nutricional foi realizada majoritariamente com vitamina B12, seguida pela associação B12 + Ferro. Após 6 meses de cirurgia vemos que o IMC médio foi de 20,28 ± 2,95 kg/m², menor no grupo RM; a hemoglobina média foi de 11,90 ± 2,15 g/dL e a concentração média de ferritina foi de 78,83 ± 106,03 ng/mL, ambas inferiores no grupo YR; a capacidade média de ligação à transferrina foi de 406,85 ± 112,60 µmol/L, menor no grupo RM; a concentração média de ferro foi de 77,00 ± 47,61 µg/dL no YR contra 102,38 ± 37,57 µg/dL no RM; a saturação de transferrina foi de 30,50 ± 23,29 no RM contra 20,00 ± 12,85 no YR; a concentração de vitamina B12 encontrada foi de 559,23 ± 355,06 pg/mL no grupo YR e 526,66 ± 331,55 pg/mL no RM; a concentração média de albumina foi de 4,06 ± 0,59 g/dL. Os sintomas gastrointestinais mais comuns foram diarreia e náuseas, com medida de esteatócrito fecal de 8,61 ± 7,16 no grupo RM e de 10,19 ± 6,16 no grupo YR. As complicações mais comuns foram as fístulas e aderências, sem diferença significante entre os grupos. Conclusões: não houve diferença estatisticamente significante entre as duas técnicas em nenhuma variável, mas em geral, a RM obteve resultados clínicos e nutricionais superiores.
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