Resumo
Introdução: A radiofrequência microablativa fracionada (FMRF) tem sido utilizada como alternativa aos tratamentos conservadores, como o treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP). No entanto, faltam evidências que apoiem sua eficácia em comparação ao TMAP ou isolada. Objetivo: Comparar os efeitos da FMRF, TMAP e sua combinação nos sintomas urinários, vaginais, sexuais e função do assoalho pélvico em mulheres climatéricas incontinentes após 6 meses de tratamento. Métodos: Ensaio clínico randomizado, cego, prospectivo e controlado, incluiu mulheres entre 45 e 65 anos com incontinência urinária de esforço, divididas em 3 grupos de tratamento: TMAP, FMRF e TMAP + FMRF. A avaliação dos foi realizada por questionários validados, teste de absorvente de uma hora, avaliação funcional do assoalho pélvico, saúde de vaginal, Indice de maturação das células vaginais e a espessura da parede vaginal foi obtida por ultrassonografia transabdominal. Análise estatística foi realizada através do teste ANOVA para comparação entre avaliaçãoes e verificar a interação entre gruposxavaliações. Resultados: O estudo incluiu 117 mulheres (39 por grupo) com características clínicas e sociodemográficas semelhantes. A IUE, avaliada pelo ICIQ-SF UI, mostrou melhora significativa em todos os grupos após o tratamento e no seguimento (p < 0,001), com maior variação no grupo PFMT+RF (p = 0,002). No Pad test de 1 hora, observou-se redução significativa da perda em gramas nos grupos PFMT (p < 0,001) e FMRF+PFMT (p < 0,001) aos 6 meses. A função muscular mostrou aumento semelhante nos três grupos (p < 0,001). A resistência melhorou no pós-tratamento no grupo PFMT, com um leve declínio aos 6 meses (p = 0,027), enquanto o grupo FMRF+PFMT manteve a melhora (p < 0,001). A repetição aumentou nos grupos PFMT (p < 0,001) e FMRF+PFMT (p = 0,001). As contrações rápidas aumentaram nos três grupos, com interação significativa grupo x tempo (p = 0,002). Apenas o grupo PFMT apresentou melhora na perineometria. Após 6 meses, 22,61 (n = 19) das mulheres relataram estar muito satisfeitas com o tratamento e 46,42 (n = 39) satisfeitas; ao todo, 79,76 (n = 67) relataram melhora nos sintomas. A qualidade de vida e os sintomas vaginais, avaliados pelo ICIQ-VS, apresentaram melhoras significativas sem diferenças entre os grupos no escore total (p < 0,0001), dor abdominal (p < 0,001), dor vaginal (p < 0,0001), redução da sensibilidade (p = 0,0004), flacidez vaginal (p < 0,0001), secura vaginal (p < 0,0001), preocupações com a vida sexual (p < 0,0001) e comprometimento da vida sexual (p = 0,0005). O escore total do ICIQ-VS manteve-se elevado após 6 meses em todos os tratamentos. A queixa de secura vaginal (p = 0,0002) e dispareunia (p < 0,0001) melhorou nos três grupos, conforme a escala visual analógica. A Função Sexual Feminina (FSFI) apresentou melhora após o tratamento, mas sem manutenção aos 6 meses, sem diferenças significativas entre os grupos para o escore total (p = 0,0102), desejo (p = 0,0134), lubrificação (p = 0,0093), satisfação (p = 0,0239) e dor (p = 0,0430). No Índice de Saúde Vaginal (VHI), houve melhora dependente do tratamento, sem efeito no grupo PFMT, mas com melhora nos grupos FMRF e FMRF+PFMT após 6 meses no escore total (p = 0,0028), umidade (p < 0,0001) e volume de líquidos (p = 0,0004). O pH (p < 0,0001) e a integridade epitelial (p < 0,0001) melhoraram de forma semelhante nos três grupos aos 6 meses. A elasticidade apresentou melhora inicial (p = 0,0001), mas sem manutenção. Não houve diferenças nas porcentagens de células superficiais, intermediárias e parabasais. A ultrassonografia abdominal mostrou aumento progressivo na espessura da parede vaginal em todos os grupos (p < 0,0001) Conclusão: A combinação de técnicas apresentou resultados superiores para o tratamento da incontinência de esforço em mulheres no climatério após 6 meses de tratamento, promovendo melhora dos sintomas urinários e da função do assoalho pélvico em comparação aos tratamentos isolados. Em relação aos sintomas vaginais e sexuais, não foi observada diferença entre as técnicas, reforçando a importância do treinamento da musculatura do assoalho pélvico como estratégia terapêutica. O treinamento da musculatura do assoalho pélvico, a radiofrequência microablativa e sua combinação resultaram em melhorias comparáveis nas queixas vaginais, função sexual e qualidade de vida entre mulheres incontinentes na fase climatérica em um acompanhamento de médio prazo.
|