Resumo
Introdução: A farmacovigilância desempenha um papel fundamental na garantia da segurança e eficácia dos medicamentos após sua comercialização. O método ativo de investigação é eficaz na detecção de sinais, ou seja, são capazes de levantar hipóteses de que uma reação adversa a medicamento (RAM) acometeu um indivíduo. Pacientes críticos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão mais suscetíveis as RAMs por diversas razões, como polifarmácia e condições não-fisiológicas, gerando estado de estresse que pode alterar a resposta do organismo aos medicamentos. Objetivo: Comparar a prevalência de RAM em pacientes adultos internados em uma UTI adulto geral (UTIA) e uma UTI adulto Covid19 (UTIC19) do Hospital Estadual Sumaré (HES) utilizando uma adaptação da metodologia Global Trigger Tool (GTT). Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo que consistiu na aplicação de rastreadores adaptados da ferramenta GTT para identificar RAMs através da análise dos prontuários físicos, eletrônicos, prescrições médicas e resultados de exames laboratoriais de pacientes adultos internados na UTIA e UTIC19 do HES, de janeiro de 2020 a dezembro de 2020. Os pacientes foram caracterizados de acordo com sexo, idade, unidade e tempo de internação, desfecho clínico (alta ou óbito) e valores de score SOFA. Os rastreadores foram caracterizados de acordo com sua presença/ausência e eficácia na detecção de RAMs. As RAMs foram caracterizadas em gravidade, mecanismo e causalidade. Resultados: No estudo foram avaliados 135 pacientes, 76 (56 ) da UTIA e 59 (44 ) da UTIC19. Houve predominância do sexo masculino (55 ), com idade média de 61,0 ± 15,1 e tempo médio de internação de 13,0 ± 11,0 dias. Dos 135 pacientes do estudo, 94 (70 ) foram à óbito durante a internação nas UTIs, com média de score SOFA de 9,9 ± 3,7. Dos 135 pacientes internados, 55 (41 ) apresentaram pelo menos uma RAM, sendo 31 (56 ) na UTIC19. O total de RAM identificadas foi 85, sendo 65 (76 ) através de rastreadores. A RAM mais presente foi hipoglicemia (23 vezes). As RAMs foram majoritariamente detectadas no 2º e 3º quartil do tempo de internação de cada paciente. Os rastreadores mais prevalentes foram: Sonolência/Hipotensão (Pressão arterial média, PAM <70) (112,6/100 prontuários) e Sódio <135 (mEq/L) (105,9/100 prontuários). Os rastreadores que mais identificaram uma RAM foram: Interrupção abrupta de medicamento (22,2/100 prontuários) e Glicemia < 50mg/dL (17,0/100 prontuários). Os rastreadores com melhor desempenho na detecção de RAM, com Valor Preditivo Positivo (VPP) de 100 , foram ‘TTPA > 50’, ‘Rash cutâneo’ e ‘Protamina’. Conclusão: A utilização de rastreadores para se investigar RAMs se mostrou um método eficaz que contribuiu efetivamente com as ações de farmacovigilância da instituição. A identificação de 85 RAM por meio de busca ativa, se mostrou superior quando comparadas com as 5 RAM detectadas via notificação espontânea no mesmo período.
|