Resumo
Introdução: A síndrome de Turner (ST) é uma anomalia cromossômica que frequentemente causa perda auditiva e pode também estar relacionada a distúrbios do equilíbrio. Objetivo: Realizar uma avaliação abrangente do equilíbrio corporal em pacientes com síndrome de Turner, acrescentando evidências aos ainda escassos dados da literatura sobre comprometimento labiríntico nessas pacientes. Métodos: Pacientes adolescentes e adultas, bem como um grupo controle composto por mulheres saudáveis, foram submetidas a avaliações otorrinolaringológica, audiológica e vestibular. Esta última incluiu eletronistagmografia com provas calórica e rotatória, potencial evocado miogênico vestibular cervical e posturografia estática com testes dinâmicos. Resultados: Foram avaliadas 27 pacientes com idades entre 15 e 33 anos (média: 21,9 anos). O cariótipo 45,X foi identificado em 13/27 casos. Tontura foi referida por oito pacientes e perda auditiva progressiva por dez. A audiometria apresentou alterações em 13/27 casos: seis com perda sensorioneural, seis com perda condutiva e uma com padrão misto. Alterações do equilíbrio foram encontradas em 21/27 pacientes (78 ). Dezenove pacientes apresentaram lesão vestibular (12 periférica [57 ], quatro mistas [19 ], três centrais [11 ]) e duas apresentaram apenas déficit somatossensorial). Alterações não vestibulares foram identificadas em seis pacientes (22 ): cinco com déficit somatossensorial e uma com dependência visual. As alterações do equilíbrio não se associaram ao cariótipo (45,X versus outros cariótipos), à idade, nem à perda auditiva. O grupo controle foi composto por 20 mulheres saudáveis com idades entre 27 e 35 anos (média: 30,5 anos); 4/20 (25 ) apresentaram alterações do equilíbrio — duas periféricas e duas causas centrais — uma frequência significativamente menor que a observada no grupo com ST (p < 0,001). Conclusão: Apesar da baixa frequência de sintomas vestibulares e auditivos autorreferidos, este estudo revela uma alta taxa de comprometimento da orelha interna entre mulheres com ST, com vias auditivas e vestibulares frequentemente afetadas, muitas vezes de forma subclínica ou compensada. Esses achados reforçam a importância de protocolos abrangentes de triagem e indicam que intervenções adequadas, incluindo a reabilitação vestibular, devem ser consideradas como parte do acompanhamento clínico dessa população.
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