O Grupo Interfaces é coordenado pela médica sanitarista e professora doutora do Departamento de Saúde Coletiva, Rosana Teresa Onocko Campos, se constituiu em 2003 e realiza discussões teóricas sobre a temática das políticas públicas de saúde mental, enfatizando a avaliação dos centros de atenção psicossocial e os novos arranjos na organização da atenção básica em saúde.
Somos compostos por estudantes de graduação e pós-graduação nas mais diversas áreas da saúde, tais como, medicina, psicologia, terapia ocupacional, enfermagem, assistência social e farmácia. A metodologia utilizada pelo grupo é a de pesquisa qualitativa e participativa.
Fazemos parte do diretório dos grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), seguindo a linha de pesquisa Gestão e Subjetividade em Saúde: estudos das práticas e políticas de saúde. Tal linha pretende analisar e compreender as práticas e processos de produção em saúde por meio do mapeamento das potências de mudanças dos modelos assistenciais e das organizações. Trabalha também com a gestão institucional e estuda as relações intersubjetivas estabelecidas entre os diversos agentes dos processos assistenciais.
Dentre os projetos de pesquisas já desenvolvidos estão a Pesquisa avaliativa da rede de Caps: entre a saúde coletiva e a saúde mental (financiamento do CNPq), pesquisa sobre os serviços substitutivos de saúde mental e suas relações com a rede básica de saúde que procurou contribuir para o melhor conhecimento sobre as práticas clínicas e sociais desenvolvidas nestes locais, bem como desenvolver dispositivos específicos para a gestão e desenvolvimento do pessoal da área.
Outro projeto foi o Estudo avaliativo de arranjos e estratégias inovadoras na organização da atenção básica à saúde (financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo- FAPESP), trabalho com o qual se pôde avaliar a rede de atenção básica de saúde de Campinas em relação à implantação de alguns novos arranjos e estratégias inovadores que contribuem para a estratégia da Saúde da Família. Esta pesquisa avaliativa teve um caráter predominantemente qualitativo e participativo, o que implicou a participação de apoiadores dos Distritos Regionais de Saúde (DRS) e coordenadores das Unidades Básicas de Saúde (UBS) na sua execução.
Em 2008 teve início a Pesquisa avaliativa em saúde mental: instrumentos para a qualificação da utilização de psicofármacos e formação de recursos humanos (financiamento do CNPq), que se tratou de um estudo multicêntrico avaliativo e participativo em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em três cidades brasileiras, envolvendo quatro universidades públicas (Universidade Federal Fluminense/UFF, Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ e Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS). Tal estudo teve como objetivos: traduzir, adaptar e testar, em CAPS (Rio de Janeiro/RJ, Novo Hamburgo/RS e Campinas/SP) o Guia pessoal da gestão autônoma da medicação, instrumento desenvolvido no Canadá para pacientes com transtornos mentais graves; e b) avaliar o impacto desse instrumento na formação de profissionais de saúde mental (psiquiatras e profissionais não médicos).
Em 2009, é aberto um edital do IDRC para financiamento de projetos dentro do programa Aliança Internacional de Pesquisa Universidades Comunidades voltado para países de renda média e baixa que desenvolvam parcerias entre instituições de ensino superior e organizações comunitárias. A partir daí, o grupo Interfaces que já trocava experiências de pesquisa com a Université de Montréal decidiu concorrer com o projeto Saúde Mental e Cidadania e foi selecionado para o desenvolvimento de pesquisas por cinco anos, com financimento do convênio. Com isso, o grupo da Unicamp desenvolveu parceria com pesquisadores de outras quatro universidades públicas brasileiras (UFRJ, UFF,UFRGS e UNIFESP/Santos) e com a Université de Montréal.
O projeto em questão tem participação ativa e parceria de investigação com associações de usuários e familiares da saúde mental, em especial, a AFLORE (Associação Florescendo a Vida dos Familiares, Amigos e Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Campinas), e busca desenvolver instrumentos que contribuam para a gestão pública de saúde mental e também a capacitação e formação dos trabalhadores da área.
Texto modificado a partir de Martins, MPG. A interface entre a universidade e a gestão pública de saúde mental:um estudo de caso do convênio internacional ARUCI – Saúde Mental e Cidadania entre a UNICAMP e o Canadá. Campinas, 2011. p54-56.