Autores:
Marina Fischer de Oliveira, Cláudia Vianna Maurer Morelli, Kemle Caroline Merhy,
INTRODUÇÃO: A Paralisia Cerebral (PC) é considerada a maior causa de incapacidade física na infância e, por definição, engloba um conjunto de alterações no desenvolvimento motor e postural, secundários a distúrbios não progressivos que acometem o cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento, resultando assim, em limitações funcionais. São fundamentais o diagnóstico e a classificação precoces, visando estabelecer planos de assistência e reabilitação das crianças afetadas. Apesar da importância que o HC–Unicamp possui no atendimento de muitas crianças com PC, não há dados consolidados sobre o perfil epidemiológico das crianças aqui atendidas. O objetivo desse estudo foi o de investigar o perfil epidemiológico das crianças com PC em atendimento ambulatorial no HC–Unicamp, visando constituir bases para melhorar a assistência a essas crianças. METODOLOGIA: Foram incluídas crianças com a idade de até 12 anos em atendimento ambulatorial no Ambulatório de Fisioterapia de Reabilitação da Motricidade infantil (HC–Unicamp). Os dados foram coletados por meio de entrevista estruturada com os pais ou responsáveis legais e por meio da revisão de prontuários médicos. As variáveis selecionadas foram apresentadas em porcentagem. RESULTADOS: O estudo incluiu um total de 30 participantes. Constatou-se que a maioria das crianças é do sexo masculino (53,33%) e está na faixa etária de 6 a 12 anos (70%). Predominam crianças brancas e pardas, a maioria dos pacientes é natural de Campinas, residindo hoje em Campinas ou região (80%). A maioria das famílias declarou receber algum tipo de ajuda do governo (64,29%) e considerou residir em bairros de boa infraestrutura ou fazer uso da rede pública de saúde local (82,14%). A maioria das crianças estabelece convívios além do núcleo familiar (pais e irmãos). Predominou a PC espástica bilateral (48,28%) e a maioria das crianças são portadoras de complicações ortopédicas. As principais condições associadas à PC foram alteração cognitiva evidente, alteração de fala e alteração de deglutição. Quase a totalidade dos partos (96,55%) ocorreram em hospital, a maioria foi via vaginal e 79,31% dos recém-nascidos ficaram internados após o nascimento. Sobre os fatores de risco associados à PC, encontramos as seguintes porcentagens para cada categoria (considerando que muitas crianças apresentavam mais de um fator): pré-natal (79,31%), parto (34,48%), neonatal (55,17%), pós-natal (17,24%). DISCUSSÃO: Os resultados obtidos no estudo demonstram consonância importante com a literatura. Em relação aos fatores de risco associados à PC, encontramos uma maioria de crianças nascidas pré-termo, tal que a prematuridade e o baixo peso ao nascer são reconhecidos internacionalmente como os principais fatores de risco da PC. Os nossos achados reforçam a importância de uma assistência adequada à saúde da mulher, do feto e do neonato para minimizar determinados fatores associados a riscos para lesões cerebrais condizentes com a Paralisia Cerebral. CONCLUSÃO: Nossos resultados apontam que a maioria das crianças com PC atendidas no HC–Unicamp são meninos, e que a maior parte apresenta PC espástica bilateral com complicações ortopédicas. As principais condições associadas foram alteração cognitiva evidente, alteração de fala e alteração de deglutição. A rede de apoio às crianças foi considerada adequada pelos entrevistados e a maioria indicou receber ajuda governamental. Encontramos que quase a totalidade dos partos foram hospitalares, sendo a maioria vaginal. As complicações no momento do parto se mostraram um fator de risco prevalente em nossa amostra, bem como a prematuridade e o baixo peso das crianças, com um número expressivo de crianças que precisou de internação. Nossos dados corroboram a relevância das intercorrências perinatais, incluindo o momento do parto como fator de risco importante na determinação da criança com PC.
PALAVRA-CHAVE: Paralisia Cerebral; Perfil Epidemiológico; Perfil Etiológico; Hospital de Clínicas Unicamp.
ÁREA: Saúde da Criança e do Adolescente
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: CNPq
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