I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA SAÚDE - 2023



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ENFRENTAMENTO DA MORTE E DO MORRER: FORMAÇÃO ACADÊMICA NA PERSPECTIVA DOS FUTUROS MÉDICOS



AUTORES: Gabriel Ferraz Amoedo, Juliana Bárbara Barreto Sousa, Luiz Fernando Quintanilha, Katia de Miranda Avena,

PALAVRA-CHAVE: Atitude frente a morte; Morte; Educação Médica; Estudantes de Medicina




RESUMO

INTRODUÇÃO: A morte, ocasionalmente, é considerada como falha, erro ou insucesso da Medicina e não como um fenômeno universal. A inabilidade no seu enfrentamento pode gerar medo e frustração e, consequentemente, interferir na tomada de decisão clínica. Nesse contexto, o presente estudo avaliou a percepção dos estudantes de Medicina quanto ao enfrentamento da morte e do morrer, analisando o seu preparo para lidar com a terminalidade da vida e comparando as percepções de acordo com perfil sociodemográfico, religioso e acadêmico.

MÉTODOS E MATERAIS: Foi realizado um estudo transversal, quanti-qualitativo, incluindo estudantes do primeiro ao sexto ano de cursos de Medicina da Bahia. Os dados foram coletados através de um questionário eletrônico, semiestruturado, desenvolvido na plataforma Google Forms e disponibilizado aos estudantes através de redes sociais e e-mails. Foram coletados dados sobre o perfil sociodemográfico, acadêmico e religioso, além da perspectiva quanto a terminalidade da vida e seu enfrentamento. A associação entre as variáveis categóricas foi analisada através do teste Qui-quadrado, sendo considerados valores de p<0,05 como estatisticamente significativos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CAAE 54937822.2.0000.5032).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram avaliados 294 estudantes de Medicina, com predomínio do sexo feminino (70,1%), raça branca (50,7%), solteiros (83,0%), com idade de 25,5 +/- 6,9 anos, ativos religiosamente (39,5%). Para os estudantes, a morte representa um processo natural da vida (30,1%). Eles se sentem parcialmente preparados para lidar com a morte clinicamente (69,0%), discutiram sobre essa temática ocasionalmente em sala de aula (37,8%) e consideram que o curso de Medicina não oferta conteúdo teórico-prático suficiente para lidar com a morte e o morrer profissionalmente (39,1%). Estudantes do sexo masculino (p=0,001), com formação prévia (p=0,014), que tiveram contato com a morte no âmbito pessoal (p<0,0001) e acadêmico (p=0,014), sentem-se mais preparados para lidar com a terminalidade da vida. Qualitativamente, destacaram-se os termos “natural”, “ciclo”, “vida”, “processo”, “naturalidade”, “luto”, “incerteza” e “tristeza”. Frente ao exposto, é possível concluir que o estudante de Medicina considera a morte como um processo natural da vida, entretanto não se sentem totalmente preparado para lidar com a terminalidade da vida durante prática clínica, possivelmente pela baixa frequência de discussões acadêmicas e oferta insuficiente de conteúdo teórico-prático durante a formação. Sexo masculino, formação prévia, contato pessoal e acadêmico com a morte foram associados à maior percepção de preparo para lidar com a terminalidade da vida.


REFERÊNCIAS: Duarte AC, Almeida DV, Popim RC. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface Commun Heal Educ. 2015;19(55):1207–19. Siqueira MEC, Mergulhão LMR, Pires RFS, Jordán APW, Barbosa LNF. Atitude perante a morte e opinião de estudantes de Medicina acerca da formação no tema. Rev Bras Educ Med. 2022;46(4):1–10. Sobreiro IM, Brito PCC, Mendonça ARA. Terminalidade da vida: reflexão bioética sobre a formação médica. Rev Bioética. 2021;29(2):323–33. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, et al. Sentimentos dos Estudantes de Medicina e Médicos Residentes ante a Morte: uma Revisão Sistemática. Rev Bras Educ Med. 2020;44(4):e178.



ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Sim


EIXO TEMÁTICO: EIXO 4 - Engajamento estudantil e desenvolvimento discente