I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA SAÚDE - 2023



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CONTOS E CONTRAPONTOS: LITERATURA BRASILEIRA E CUIDADO EM SAÚDE



AUTORES: Eloisa Grossman, Daniel Fonseca, Ivan Antonello, Ananyr Porto Fajardo, Ana Mallet, David Kestenberg, Priscila Pinheiro,

PALAVRA-CHAVE: narrativas, literatura brasileira, cuidado em saúde




RESUMO

QUAL PROBLEMA FOI ABORDADO?
A compreensão narrativa se opõe ao discurso analítico e fragmentado da prática que apenas considera a ciência biomédica. A valorização dos discursos e das interpretações dos pacientes, de seus familiares e de outros profissionais amplia a compreensão dos complexos processos de adoecimento. Narrativas literárias nos convidam a navegar por experiências diferentes das nossas, a conhecer trajetórias de personagens e seus modos de viver e morrer. A articulação entre medicina e literatura favorece a discussão de questões que ultrapassam o foco da saúde e da doença, para se embrenhar nos aspectos socioculturais da vida, que têm indiscutível impacto na saúde e bem-estar de indivíduos e grupos.

O QUE FOI TENTADO?
Foi desenvolvida uma coletânea de resenhas de 36 contos brasileiros, escritos do final do século XIX até os dias atuais, transcendendo os limites de nossa temporalidade, sendo que os resumos e resenhas foram traduzidos em inglês, bem como, os contos inéditos, disponíveis na íntegra. Ao pesquisar as iniciativas semelhantes já desenvolvidas, a maioria na Europa e nos Estados Unidos, percebemos que a literatura brasileira não é mencionada nas coletâneas e bancos de dados que associam literatura e atenção à saúde. As obras foram escolhidas a despeito de caminhos estabelecidos. Porém, ao mesmo tempo em que houve liberdade, buscamos misturar escritores canônicos com novos autores e trazer à discussão diferentes temáticas e olhares. O caráter interdisciplinar do nosso pequeno grupo assegurou uma pluralidade de concepções teóricas acerca dos problemas e práticas específicos de suas áreas de atuação. Por dificuldades inerentes à reprodução de obras que não estão em domínio público, oferecemos resumos e a referência utilizada para acessar os contos já publicados. Não pretendemos analisar os contos ou indicar todas as chaves de leitura e discussão. Nossas resenhas iluminam alguns aspectos que relacionam personagens e seus conflitos com experiências vividas em nosso cotidiano. O grupo trabalhou na modalidade à distância, transcendendo a proximidade geográfica e temporal.

QUE LIÇÕES FORAM APRENDIDAS?
A escrita não encerra uma época da vida. Ela nos coloca em um estado de recordação de histórias e experiências vividas. Permite que seja possível reconhecer acertos e atitudes/julgamentos equivocados e incorporar essas memórias em nossas formas de pensar e agir. (Esterhazy, 2011). No último ano nos dedicamos à produção do livro, partindo de leituras sobre medicina narrativa, bioética e humanização na saúde e, especialmente, buscamos contos que nos inquietaram e fizeram brotar um torvelinho de ideias e emoções. Finalizamos essa jornada com a sensação de muito aprendizado nesse processo de integrar ficção, memória e cuidado. Apostamos que o material produzido possa ser utilizado na formação de estudantes e profissionais de saúde, ampliando o repertório de leituras e promovendo melhor compreensão do cuidado, em múltiplas dimensões. Além disso, a oferta de uma versão em inglês dos contos inéditos permitirá preencher o vazio da literatura nacional no material já produzido internacionalmente, que se propõe a ultrapassar as fronteiras disciplinares das profissões de saúde e da literatura. Como afirma Scliar (2000), a compreensão que existe um território comum, partilhado, pode se revelar um campo fértil de experiência humana e científica.


REFERÊNCIAS: CHARON, R. Literary Concepts for Medical Readers: Frame, Time, Plot, Desire. In: Hawkins AH, McEntyre MC, editors. Teaching literature and medicine. New York: Modern Language Association of America; 2000. p.29-42. ESTERHAZY, P. Os verbos auxiliares do coração. São Paulo: Cosac Naify; 2011. p.72 GROSSMAN, E; CARDOSO, MHCA. As narrativas em medicina: contribuições à prática clínica e ao ensino médico. Rev bras educ med. 2006;30(1):6-14. SCLIAR, M. Literatura e Medicina: o território partilhado. Cad. Saúde Pública. 16(1), p.245-248, 2000.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao Professor Frederico Coelho, do Departamento de Letras da PUC-Rio.



ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Não se aplica


EIXO TEMÁTICO: EIXO 3 - Ensino interprofissional e ações de inclusão