I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA SAÚDE - 2023



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METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ASSINATURA A UM ESTUDANTE UNIVERSITARIO COM CEGUEIRA CONGENITA



AUTORES: Fátima Aparecida Gonçalves Mendes,

PALAVRA-CHAVE: cegueira; metodologia; ensino superior; inclusão.




RESUMO

INTRODUÇÃO: A alfabetização se dá pelo Sistema Braille, mas geralmente não são ensinadas, aos cegos congênitos, como se escreve em letra cursiva. O estudante cego congênito foi aprovado no vestibular da Unicamp e iniciou seus estudos no ano de 2016 no curso de Fonoaudiologia. Os estágios ocorrem no 3º e 4º ano e os estudantes devem assinar os relatórios dos atendimentos realizados, portanto, o estudante cego deveria assinar todos os relatórios a partir do mês de março de 2018. O problema foi que ele não tinha uma assinatura, escrevia somente seu primeiro nome em letra de forma.

MÉTODOS E MATERAIS: O trabalho foi realizado em 2 anos, e durante esse período o estudante cumpriu a regra de assinar todos os relatórios de estágio. Em final de 2019 ele solicitou novo documento de identidade (RG) e tirou seu primeiro passaporte. A atividade de assinatura consistiu em ensinar as letras do alfabeto, seu formato em letra de forma e em letra cursiva. O estudante conhecia apenas as letras de forma de seu primeiro nome. Para tanto, no caso das letras de forma foi utilizado um material em E.V.A. e para letra cursiva foi utilizado um material impresso em thermoform. Também foi utilizado um molde no formato de folha pautada para que ele praticasse sua assinatura e, a cada semana ele mostrava as folhas com sua assinatura para que a profissional avaliasse. Inicialmente foi trabalhado as letras do primeiro nome e último sobrenome. Assim, o estudante assinou os primeiros relatórios com letra cursiva. Na sequência trabalhou-se o segundo nome e o penúltimo sobrenome. Tiveram letras que foram mais difíceis para o estudante escrever, então a profissional foi mudando as estratégias. No final de 2019, o estudante já assinava seu nome completo em letra cursiva e, escolheu como seria sua assinatura, sua marca.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para atender uma demanda basta uma pessoa ter a necessidade, pois já é motivo suficiente para ser atendida. O estudante era a única pessoa cega naquele período, e precisava que materiais e textos fossem adaptados. O curso de Fonoaudiologia com suas especificidades têm como regra que os estudantes assinem seus relatórios de estágio. A profissional considerou seu trabalho um sucesso porque não atendeu apenas a demanda do estudante cego, mas também, e principalmente, promoveu os Direitos Humanos. A inovação foi em criar uma metodologia adequada ao indivíduo nesse processo de inclusão, tanto educacional quanto social. Na pandemia foi preciso criar novas metodologias por conta do formato on-line. Essa experiência também servirá para outra demanda de inclusão que houver no ensino superior. Pensar em adotar metodologias diferentes ou mesmo criar foi o que mudou minha perspectiva de atendimento a pessoas com deficiência visual.


REFERÊNCIAS: BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/13146.htm. Acesso em: 03 de agosto de 2017. CAMPOS, Izilda Maria. Projeto Assino Embaixo - A grafia do nome e a assinatura na construção de identidade das pessoas cegas. Disponível em: http://revista.ibc.gov.br/index.php/BC/article/view/487, acesso em out./2017.

AGRADECIMENTOS: À FCM



ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Não se aplica


EIXO TEMÁTICO: EIXO 3 - Ensino interprofissional e ações de inclusão