I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA SAÚDE - 2023



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A INSERÇÃO DE MULHERES NO CONTEXTO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS: UMA ABORDAGEM QUALITATIVA



AUTORES: Vitória Cerqueira Vieira, Daniele Pompei Sacado ,

PALAVRA-CHAVE: feminização, especialidades médicas, Sexismo, medicina




RESUMO

INTRODUÇÃO: Apesar do crescente aumento da participação do sexo feminino nos cursos de graduação e nos novos registros de CRM do país, a participação desse gênero nas especialidades médicas ainda é restrita a algumas áreas. Atualmente, as mulheres são maioria em apenas 18 das 54 especialidades médicas. Os homens predominam em todas as especialidades cirúrgicas e em 11 especialidades eles ocupam 80%, como Medicina Legal (80,3%), Cirurgia Cardiovascular (89,6%) e Urologia (97,8%). O presente estudo buscou investigar quais foram as vivências, barreiras e desafios enfrentados por médicas especialistas em áreas hegemonicamente dominadas por homens, especialmente a Cirurgia Geral, Urologia, Neurocirurgia, Ortopedia e Traumatologia

MÉTODOS E MATERAIS: Pesquisa de abordagem qualitativa, sendo a coleta de dados realizada por meio de um questionário estruturado online da plataforma Google Forms. Foram convidadas a participar voluntariamente da pesquisa médicas que atuam nas três instituições hospitalares do complexo Hospital de Clínicas da UNICAMP (HC, CAISM e Hospital de Sumaré) nas especialidades mencionadas.Mediante assinatura do TCLE, os dados obtidos no questionário online foram transferidos para uma planilha, pela própria pesquisadora para fins de análise. A cada participante também era solicitado novas indicações de residentes para serem abordadas, construindo uma cadeia de referência, dando origem a uma amostragem em snowball. A análise do material selecionado foi feita de maneira manual, as informações obtidas foram tabuladas em planilhas e tratados para possibilitar comparações, inferências e correlações. Os dados qualitativos foram compilados em documento word e os discursos literais foram analisados por meio da análise temática, buscando identificar semelhanças e disparidades nas experiências narradas, mantendo o anonimato das participantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quanto ao tema escolha da especialidade, a maioria das participantes apresentou interesse pela área escolhida desde a graduação. Segundo os relatos, esse processo se deve a um estágio no internato que proporcionou uma experiência positiva e acolhedora e, ou o desenvolvimento de habilidades e experiências que ajudaram a confirmar a decisão posterior de qual especialidade seguir. Dentre as participantes, 27,3% relatou que no processo de seleção para a residência da FCM Unicamp vivenciou algum tipo de barreira ou sentiu dificuldade para ingressar por ser mulher, mesmo passando na prova teórica. Ao serem indagadas por experiências ao longo da graduação ou atuação profissional em que já se sentiram questionadas sobre seus conhecimentos ou seu potencial por ser mulher, houve uma convergência das participantes quanto à maior discriminação por parte dos pacientes e de alguns preceptores. As participantes (36,4%) ouviram comentários, como alguns tipos de procedimentos não deveriam ser feitos por mulheres ou situações de preceptores que se negavam a passar visitas na enfermaria com as residentes mulheres s instituições de ensino, tanto de graduação, de residência e pós-graduação, têm um importante papel no sentido de promover políticas institucionais que visem ampliar a participação de mulheres em determinadas especialidades. É fundamental a inclusão de mulheres médicas no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao sexismo nas especialidades, procurando compreender suas necessidades específicas e a conformação de redes de apoio.


REFERÊNCIAS: AMB. Demografia Médica 2018: Número de médicos aumenta e persistem desigualdades de distribuição e problemas na assistência. Rev Med (Puebla) [Internet]. 2018;67. Available from: https://amb.org.br/wp-content/uploads/2018/03/DEMOGRAFIA-MÉDICA.pdf Kristoffersson E, Diderichsen S, Verdonk P, Lagro-Janssen T, Hamberg K, Andersson J. To select or be selected - Gendered experiences in clinical training affect medical students’ specialty preferences. BMC Med Educ. 2018;18(1):1–11. Scheffer MC, Cassenote AJF. A feminização da medicina no Brasil. Rev Bioética. 2013;21(2)



ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Sim

FINANCIAMENTO: CNPq

EIXO TEMÁTICO: EIXO 4 - Engajamento estudantil e desenvolvimento discente