I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA SAÚDE - 2023



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O PAPEL DA INSTITUIÇÃO NA DESESTIGMATIZAÇÃO DO ESTUDANTE INDÍGENA: UM EXEMPLO A SER SEGUIDO



AUTORES: Branda de Oliveira de Lima, Paulo Afonso Martins Abati, Kellen Natalice Vilharva, Camila Delmondes Dias, Ronny Roberto Ferreira Padilha, Fernanda Garanhani de Castro Surita, Giovana Daghia Pacheco, Fábio Hüsemann Menezes,

PALAVRA-CHAVE: vestibular indígena; diversidade cultural; acolhimento; inclusão;




RESUMO

QUAL PROBLEMA FOI ABORDADO?
A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP incluiu em 2022 duas vagas anuais no curso de medicina por meio do vestibular indígena, dando destaque ao tema da representatividade indígena nos cursos da saúde. Devido ao histórico brasileiro e ao caráter tradicionalista dos cursos de Medicina, fez-se necessário medidas institucionais para a desestigmatização dos povos originários e formulação de estratégias que sejam capazes de oferecer acolhimento e garantir protagonismo indígena.

O QUE FOI TENTADO?
Em 2020, foi criado um grupo de trabalho (GT) formado por docentes e discentes. Foram realizadas reuniões mensais para, inicialmente, introduzir o tema e a problemática de acolhimento de discentes indígenas em cursos tradicionais. Foram ouvidas as experiências de outras instituições de ensino superior onde já havia a presença de estudantes indígenas e outras áreas de ensino dentro da Unicamp, que desde 2019 vêm recebendo alunos indígenas. Para reforçar a ação discente no acolhimento, foram oferecidas vagas em um projeto BAS, visando a criação de material de divulgação e textos informativos para toda a comunidade da FCM, veiculados através do site da faculdade. Palestras sobre a história dos povos originários, identidade e cultura e o conceito de medicina indígena, foram apresentadas, também em caráter remoto, aos Departamentos de Tocoginecologia do CAISM (“Saúde Indígena” - disponível no canal do Youtube do departamento) e de Saúde Coletiva da FCM (“Luta e Resistência”).

QUE LIÇÕES FORAM APRENDIDAS?
Frente à importância do tema de acolhimento e a possibilidade de crescimento do conhecimento sobre os povos originais e a sua contribuição para o curso de Medicina, o grupo de trabalho aumentou a quantidade de integrantes e tornou-se “comissão de apoio aos estudantes indígenas”. Com a chegada dos alunos ao curso de medicina e o encontro de jovens culturalmente marcados com outra história e ancestralidade, percebemos quão importante foi o processo de desestigmatização iniciado em 2020. A discussão sobre tais temas evidenciou a necessidade de se avançar na inclusão e permanência garantido-se o protagonismo indigena nas instâncias da faculdade. Do ponto de vista prático, o trabalho dessa comissão deixa premente o desafio de outra dimensão da inclusão: aquela se mostra aberta a compor outras visões epistêmicas da saúde, representada na inserção do eixo da saúde indígena na grade curricular dos cursos de saúde ou a criação de projetos de extensão universitária, proporcionando espaço para o protagonismo dos alunos que chegaram ao curso de promoverem o diálogo universidade-comunidade indígena. Além do conhecimento técnico da medicina, o médico deve ser capaz de acolher e cuidar de comunidades culturalmente distintas sem causar danos ou desrespeito às crenças e identidades de cada etnia. O contato com o pluralismo brasileiro e com as dificuldades ainda vigentes em nosso país tem nos motivado a formular mais métodos para aprimorar a capacitação acadêmica e oferecer melhor assistência a todas as pessoas.


REFERÊNCIAS: “Acadêmicxs Indígenas da FCM discutem percurso formativo que iniciarão no curso de Medicina, a partir de 2023”. Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp. Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/imprensa/publicacoes/view/academicxs-indigenas-da-fcm-discutem-percurso-formativo-que-iniciarao-no-curso-de-medicina--a-partir-de-2023/14658. Acesso em 12 de Abril de 2023. “Saberes em diálogo: o ingresso dos estudantes indígenas no curso de Medicina”. Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp. Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/imprensa/publicacoes/view/saberes-em-dialogo--o-ingresso-dos-estudantes-indigenas-no-curso-de-medicina/14828. Acesso em 12 de Abril de 2023. “Plantio de cedro-rosa marca recebimento de primeiros alunos indígenas do curso de Medicina da Unicamp”. Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp. Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/imprensa/publicacoes/view/plantio-de-cedro-rosa-marca-recebimento-de-primeiros-alunos-indigenas-do-curso-de-medicina-da-unicamp/14750. Acesso em 12 de Abril de 2023. “Recepção dos acadêmicos indígenas da FCM é marcada por palestra de Ailton Krenak e entrega de quadros”. Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp. Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/imprensa/publicacoes/view/recepcao-dos-academicos-indigenas-da-fcm-e-marcada-por-palestra-de-ailton-krenak-e-entrega-de-quadros/15133. Acesso em 12 de Abril de 2023.

AGRADECIMENTOS: Agradecimentos aos colegas de profissão e luta que também participaram da comissão: Maria Ângela Reis de Goes M. Antonio, Edison Bueno, Francisco Hideo Aoki, Liana Maria Cardoso Viernaud, Joana Fróes Bragança Bastos.



ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Não se aplica


EIXO TEMÁTICO: EIXO 3 - Ensino interprofissional e ações de inclusão