Em artigo no Journal of Clinical Hypertension, Heitor Moreno aborda interferência do Caos nas medidas de pressão arterial na prática clínica
Publicado por: Camila Delmondes
30 de maio de 2022

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Imagem meramente ilustrativa/Canva

Ainda no mês de abril, o cardiologista e professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Heitor Moreno, publicou no Journal of Clinical Hypertension (JCH) o artigo intitulado "Hipertensão falsa ou resistente: uma perspectiva caótica". Na publicação, ele discute como as medidas de pressão arterial (PA) tomadas na prática clínica podem ser variáveis, contudo, parcialmente determinísticas e previsíveis, conforme as leis matemáticas do Caos. O professor interroga porque os valores sequenciais de PA, corretamente tomadas, podem variar em função de leis e modelos do Caos na prática clínica.

Leia a íntegra do artigo, aqui.

Ainda na segunda metade do século passado, o matemático norte-americano Edward Lorenz propôs a Teoria do Caos com base no comportamento de sistemas aparentemente aleatórios (imprevisíveis, cum plicate e cum plexus), embora coordenados por leis determinísticas. Desde então, o Caos passou a ser amplamente divulgado, estudado e incorporado por áreas de conhecimento como Matemática, Física, Economia, Meteorologia, Astronomia e Filosofia.

Na Medicina e demais Áreas da Saúde, no entanto, Heitor Moreno argumenta que a Teoria do Caos ainda tem restritas expressões na prática clínica e científica. “Pouco se sabe, por exemplo, sobre a provável participação de variáveis com comportamento Caótico na constância dos níveis de PA, ou variações dos mesmos, na saúde ou na hipertensão”, afirma.

Com base nessas observações clínicas, o docente da FCM também chama à atenção de cientistas e profissionais de saúde sobre a possibilidade de erros diagnósticos, tanto em casos da Hipertensão Arterial (HA) verdadeira, quanto na pseudo-Hipertensão. Ele explica que, assim como no Caos, desvios diagnósticos iniciais (pequena monta) podem ter repercussões tardias, graves e em larga escala (epidemiológica). De qualquer maneira, argumenta que diagnósticos precipitados de normotensão ou de HA podem ser minimizados pela adoção e divulgação da técnica correta de medidas da pressão e cuidados relacionados, conforme as diretrizes brasileiras de HA.

“Apesar do sistema estável de manutenção da PA ter bases em premissas clássicas da Teoria do Caos, na prática clínica, a participação do Caos nas variáveis que regulam a PA é pouco valorizada. Alterações no ritmo circadiano (24 horas), a "hipertensão do avental branco", a "hipertensão mascarada" (noturna), a "pseudo-hipertensão", dentre outros quadros hipertensivos bem estabelecidos, são subestimados na literatura médica e científica”, diz.

Ainda de acordo com Moreno, há décadas a ciência estuda a variabilidade da frequência cardíaca na fundamentação da atividade do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) na hipertensão arterial, porém, sem que a análise dos valores pressóricos simultâneos no sistema cardiovascular receba à atenção adequada, com base na Teoria do Caos. 

“Estados relacionados com a Entropia (ordem) e Disentropia (desordem, caos) no sistema cardiovascular, ainda não são bem estudados e valorizados. Há necessidade de abordagem dos órgãos e sistemas orgânicos com modelos matemáticos que melhor abordem esses sistemas complicados (cum plicate) e complexos (cum plexus), também no campo da Saúde”, comenta o especialista.

Estudos longitudinais em voluntários com esses quadros hipertensivos "borderline" e hiper-reativos estão sendo conduzidos em parceria com o grupo coordenado pelo professor livre docente da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, Bruno Rodrigues. Os resultados preliminares apontam para a necessidade de maior atenção e técnicas que possibilitem a análise simultânea da PA e marcadores mais precisos de modulação do sistema autônomo, como a atividade nervosa simpática periférica (microneurografia), frequência cardíaca no primeiro minuto de recuperação do teste de esforço máximo e dosagens sanguíneas de noradrenalina e acetilcolinesterase. 

“Como a expressão matemática da Teoria do Caos é bastante complexa, teremos também a colaboração da professora titular do Instituto de Filosofia e Ciências Humandas (IFCH) da Unicamp, Ítala D´Ottaviano, expert em Matemática e sistemas complexos. Trata-se de estudo de complexidade não só biológica, mas também física, matemática (Cálculo I e II, derivadas e integral) e probabilidades. Além dessas colaborações científicas relevantes, contamos com apoio Faepex, Fapesp e CNPq para a FAEPEX, FAPESP e CNPq para a continuidade do estudo científico”, destaca Moreno.



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