Na sexta-feira (10), o Departamento de Saúde Coletiva (DSC) compareceu em peso durante o evento Saúde Coletiva ao Meio Dia, cuja edição especial, rendeu homenagens à livre-docente Ana Maria Canesqui, que até então vinha desempenhando atividades no departamento como professora colaboradora-adjunta. Marcado pela emoção, o evento foi conduzido pelos professores Flávio César de Sá e Solange L'Abbate, respectivamente, chefe de departamento e livre-docente professora colaboradora do DSC.

Presidente da Associação Brasileira de Sáude Coletivo (Abrasco), o professor do DSC, Gastão Wagner, foi aluno de doutorado de Ana Canesqui na FCM, e fez questão de destacar as contribuições da sua orientadora, não apenas para a sua formação, como também para a consolidação da Abrasco.

“A Ana é uma das fundadoras da Abrasco e teve importante participação na Área de Ciências Sociais e Humanas em Saúde. A partir dos anos 80, tivemos um predomínio da sociologia sobre as ciências sociais humanas em geral e a Ana, com muita habilidade e capacidade de proposição, conseguiu abrir espaço, dentro da Associação, para outras áreas do conhecimento, como a Antropologia e a Sociologia” – disse Gastão.

Fazendo questão de lembrar aos presentes que Ana Canesqui presidiu o 1º Congresso da Abrasco que aconteceu em Curitiba, em 1995, Gastão antecipou uma homenagem que será conferida à pesquisadora pela Abrasco, em 2018. “Homenagearemos todas as figuras históricas que contribuíram para a construção da Saúde Coletiva no Brasil, e a Ana estará entre as mulheres laureadas”.

Também na ocasião do evento, o diretor da FCM Ivan Felizardo Contrera Toro disse que a faculdade deveria prestar mais homenagens a todos os docentes que ajudaram a construir a história da faculdade e da Medicina, de maneira geral. “Acredito que ainda fazemos de maneira bem tímida. Como outras importantíssimas pessoas, a Ana está escrita na história da FCM”, afirmou.

“Em todos esses anos, procurei compartilhar os ideais da Saúde Coletiva e que serviram de base para a construção do Sistema Único de Saúde. Sistema esse, que tem passado por tantas dificuldades, dada a falta de compromisso dos nossos governantes. Ainda teremos muitas lutas pela frente, não apenas para defender os nossos ideais, mas para defender a própria democracia do país. Apostei e continuo apostando na importância das Ciências Sociais na formação dos futuros profissionais de saúde", disse Ana Canesqui.

"Creio que construímos uma pauta ao longo dos anos que tem a ver com a complexidade e multidimensionalidade do processo saúde-doença, as implicações históricas, sociais e culturais desses processos, o trabalho dos diferentes profissionais de saúde e das próprias instituições, as relações sociais que se instauram no interior dessas instituições, as tecnologias médicas e seus modos de produção, distribuição e consumo, a existência e historicidade das relações entre os distintos saberes – médicos e não médicos, e como isso se relaciona com a sociedade, entre si e culturalmente e que, certamente se reflete no cuidado e nos agentes – assim como, com as visões do social e das políticas públicas" – acrescentou.