Unicamp recebe prêmio do Japão concedido de forma inédita a uma universidade estrangeira
“A Unicamp mostrou-se uma referência mundial nas atividades desenvolvidas até hoje”, disse o representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), Hiroshi Sato, ao anunciar o prêmio conferido pelo governo japonês, de forma inédita, a uma universidade estrangeira. A revelação aconteceu na manhã dessa quarta-feira (18), no anfiteatro do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, durante a reinauguração do Laboratório de Doenças Epidemiológicas e Infecciosas (LEMDI) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Recentemente, o LEMDI divulgou o aporte de mais 5 milhões de dólares do governo japonês para a realização de projetos de pesquisa clínica em infectologia, em parceria com a Universidade de Chiba. Veja matéria.
A cada ano, a JICA reconhece instituições e indivíduos que fizeram contribuições significativas ao desenvolvimento de recursos humanos e desenvolvimento social dos países em desenvolvimento, por meio de cooperação internacional. Essa foi a primeira vez, na história do órgão governamental japonês, que uma universidade estrangeira foi contemplada com a honraria. A parceria de quase três décadas com a JICA já rendeu à Unicamp investimentos de cerca de 60 milhões de reais.
“Estou trazendo essa informação em primeira-mão. O local, data e detalhes da premiação serão passados à Unicamp, em breve”, revelou Sato.
Convidado de honra do evento, o cônsul geral do Japão no Brasil, Yasushi Noguchi, teceu elogios ao trabalho de cooperação entre japoneses e brasileiros, dando ênfase à importância do desenvolvimento do conhecimento científico.
“Estou muito feliz de estar aqui e de poder testemunhar esse importante trabalho de cooperação internacional, realizado no campo da Medicina. Esse trabalho entre a Universidade de Chiba e a Unicamp, através da FCM, é muito importante para o desenvolvimento e aprofundamento de pesquisas sobre fungos e doenças infecciosas. Mundialmente, esse é um dos campos de conhecimento mais importantes para prevenir a disseminação de doenças”, disse.
Maria Luiza Moretti, médica infectologista da FCM, coordenadora do LEMDI e anfitriã do evento, deu as boas-vindas a todos os participantes da mesa de abertura e público presente e agradeceu, em nome da Unicamp, o reconhecimento recebido da JICA. “Dedico esse prêmio ao povo japonês, pela colaboração e generosidade, pelo exemplo que dão ao mundo do que é a cidadania. Essa parceria foi cultivada ao longo de 25 anos com respeito, honestidade, responsabilidade e, acima de tudo, confiança entre brasileiros e japoneses, que têm contribuído de forma substancial para o crescimento mútuo dos cidadãos de ambos os países”, destacou.
Representando o reitor da Unicamp Marcelo Knobel, na ocasião do evento, o diretor da FCM, Luiz Carlos Zeferino, relembrou ao público presente no evento solene, que as primeiras conversas da Unicamp com a JICA tiveram início ainda na década de 1980, durante a gestão do reitor José Aristodemo Pinotti e graças ao pioneirismo do professor Ademar Yamanaka, do Departamento de Clínica Médica da FCM.
“Entre os temas lançados naquele momento estavam os projetos na área das doenças gástricas. O Gastrocentro da Unicamp, inaugurado em 1986, é um dos produtos concretos dessa parceria, e nasceu como uma contrapartida da Unicamp no contexto desse projeto de cooperação. Hoje, fruto dessa nova parceria envolvendo a Universidade de Chiba, o LEMDI recebe equipamentos de última geração que o torna muito capacitado para a realização das suas atividades”, disse.
Ao falar das conquistas da Unicamp em sua trajetória de pouco mais de 50 anos, Zeferino destacou a vocação da FCM para a realização de pesquisas. “O número total dos nossos alunos de pós-graduação é semelhante ao número de alunos de graduação e médicos residentes. Nesse cenário, parcerias como essa que estabelecemos com a JICA são extremamente importantes”.
Reconhecimento profissional e institucional
O coordenador da Comissão de Pesquisa da FCM, Andrei Carvalho Spósito, destacou os méritos profissionais da coordenadora do LEMDI e os méritos institucionais da Unicamp, que resultaram na honraria agora concedida pela JICA.
“A professora Luiza é um exemplo de cientista entre nós. Trazer recursos da sociedade, ainda mais recursos internacionais, é um marco muito importante na carreira de um pesquisador, pois mostra o respeito da comunidade científica. Ter esse esforço reconhecido por um país como o Japão, que possui um dos maiores desenvolvimentos científicos e tecnológicos do mundo, é um marco que jamais poderá ser esquecido e que merece o nosso aplauso”, disse Andrei.
“Temos muito apreço pela Unicamp e a certeza de que os recursos aqui investidos serão muito bem empregados no desenvolvimento de novas pesquisas. Eu avalio esse trabalho de cooperação de uma maneira muito positiva”, destacou, por sua vez, o diretor associado da Universidade de Chiba e conselheiro chefe do projeto JICA, na Unicamp, Akira Watanabe, ao elogiar a idoneidade da universidade brasileira e os membros da equipe de pesquisa.
Representando o superintendente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp Antonio Gonçalves de Oliveira Filho, o infectologista Plínio Trabasso falou sobre a importância das atividades de pesquisa para a melhoria da saúde da população. “Todos os nossos esforços de pesquisa no interior dos laboratórios são no intuito de melhorar a assistência dada aos nossos pacientes. Eventos como esse nos revestem de imensa alegria”, comentou.