Pesquisa da FCM em cotutela com Universidade do Porto aponta mudança de paradigma no campo da inclusão escolar
Uma pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp realizada em cotutela com a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCE) da Universidade do Porto investigou as principais influências dos Modelos Biomédico, Social e Biopsicossocial nas concepções e práticas de intervenção relacionadas à inclusão escolar. O estudo qualitativo ouviu 24 professores que atuam na área de Educação Especial, no Brasil e em Portugal, e apontou a transição de uma inclusão ‘voltada para a deficiência’ para outra ‘dirigida a todos e a cada um dos estudantes em sala da aula’.
Intitulada “Influência dos modelos biomédico, social e biopsicossocial nas concepções e práticas de intervenção direcionadas à inclusão escolar”, a pesquisa foi realizada pelo pedagogo Robson Celestino Prychodco, no âmbito dos Programas de Pós-graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM e Ciências da Educação da FPCE. E teve como orientadoras, as docentes do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação (DDRH) da FCM e do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da (FPCE), respectivamente, Zelia Zilda Lourenco de Camargo Bittencourt e Preciosa Teixeira Fernandes.
Em seu estudo, Robson averiguou uma mudança gradual dos paradigmas de Exclusão e Integração propostos pelos Modelos Biomédico e Social – e que tratam, sobretudo de critérios biomédicos, democratização e ampliação de acesso educacional – para o paradigma da Inclusão, compatível com os princípios do Modelo Biopsicossocial, voltado ao respeito das diferenças e à eliminação das barreiras de aprendizagem.
“Associado à perspectiva Socioambiental de Saúde, o Modelo Biopsicossocial leva em conta as situações de vulnerabilidade vivenciada por todos os estudantes, com ou sem deficiência, e que os tornam suscetíveis aos processos de exclusão dentro e fora da escola”, conta o pesquisador.
Resultados do estudo apontam a necessidade de ampliar a capacidade de resposta das escolas para reduzir restrições e barreiras impostas pela sociedade aos estudantes. A identificação de parceiros de trabalho e das situações que ofereçam risco de exclusão podem mobilizar os recursos necessários, nesse sentido.
“É importante ressaltar, no entanto, que o avanço dos processos inclusivos passa por mudanças nas políticas públicas de diversos setores, como Saúde e Educação e, principalmente, pela forma como sociedade vivencia a diversidade e a diferença”, argumenta Robson.