Pesquisa da FCM em cotutela com Universidade do Porto aponta mudança de paradigma no campo da inclusão escolar

Enviado por Camila Delmondes em Seg, 20/07/2020 - 15:56

Uma pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp realizada em cotutela com a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCE) da Universidade do Porto investigou as principais influências dos Modelos Biomédico, Social e Biopsicossocial nas concepções e práticas de intervenção relacionadas à inclusão escolar. O estudo qualitativo ouviu 24 professores que atuam na área de Educação Especial, no Brasil e em Portugal, e apontou a transição de uma inclusão ‘voltada para a deficiência’ para outra ‘dirigida a todos e a cada um dos estudantes em sala da aula’.

Intitulada “Influência dos modelos biomédico, social e biopsicossocial nas concepções e práticas de intervenção direcionadas à inclusão escolar”, a pesquisa foi realizada pelo pedagogo Robson Celestino Prychodco, no âmbito dos Programas de Pós-graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM e Ciências da Educação da FPCE. E teve como orientadoras, as docentes do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação (DDRH) da FCM e do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da (FPCE), respectivamente, Zelia Zilda Lourenco de Camargo Bittencourt e Preciosa Teixeira Fernandes.

Em seu estudo, Robson averiguou uma mudança gradual dos paradigmas de Exclusão e Integração propostos pelos Modelos Biomédico e Social – e que tratam, sobretudo de critérios biomédicos, democratização e ampliação de acesso educacional – para o paradigma da Inclusão, compatível com os princípios do Modelo Biopsicossocial, voltado ao respeito das diferenças e à eliminação das barreiras de aprendizagem.

“Associado à perspectiva Socioambiental de Saúde, o Modelo Biopsicossocial leva em conta as situações de vulnerabilidade vivenciada por todos os estudantes, com ou sem deficiência, e que os tornam suscetíveis aos processos de exclusão dentro e fora da escola”, conta o pesquisador.

Resultados do estudo apontam a necessidade de ampliar a capacidade de resposta das escolas para reduzir restrições e barreiras impostas pela sociedade aos estudantes. A identificação de parceiros de trabalho e das situações que ofereçam risco de exclusão podem mobilizar os recursos necessários, nesse sentido.

“É importante ressaltar, no entanto, que o avanço dos processos inclusivos passa por mudanças nas políticas públicas de diversos setores, como Saúde e Educação e, principalmente, pela forma como sociedade vivencia a diversidade e a diferença”, argumenta Robson.