Especial FCM: A experiência da Pediatria na defesa dos TCCs de seus residentes

Enviado por Camila Delmondes em Seg, 21/05/2018 - 14:53

Desde 2011, os médicos que ingressam na Residência Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, em qualquer uma das 57 áreas de atuação – seja nas áreas de acesso direto ou nas de especialidades clínicas e cirúrgicas – devem entregar um Trabalho de Conclusão de Curso para ser diplomado. Nos últimos anos, a apresentação oral desses trabalhos entrou para a rotina de muitos departamentos e, a partir da oferta do Mestrado Profissional na faculdade, muitos egressos da Residência têm dado prosseguimento às atividades de formação profissional.

No âmbito do Departamento de Pediatria da FCM a defesa dos TCCs pelos residentes do Programa de Residência Médica em Pediatria é uma realidade em constante aperfeiçoamento e que faz parte de uma série de iniciativas da área pediátrica da faculdade que visam à qualidade do ensino dos futuros especialistas. Anualmente, a FCM tem capacidade para formar 51 novos médicos-pediatras, sendo 16 da área pediatria básica e 35 de 14 diferentes especialidades pediátricas .

Preceptora da Residência em Pediatria, a médica especialista em Alergia e Imunologia Pediátrica, Adriana Gut Lopes Riccetto, explica que tais iniciativas tiveram início em 2015 – quando 12 médicos-assistentes pediatras com doutorado foram credenciados ao Programa com o objetivo de apoiar os docentes do Departamento na orientação dos TCCs – e foram impulsionadas com o credenciamento do segundo ano de várias especialidades pediátricas e do Credenciamento do Programa de Pediatria Básica em três anos, junto à Comissão Nacional de Residência Médica, garantindo aos residentes mais tempo de permanência na universidade.

A apresentação oral dos TCCs foi instituída no Departamento de Pediatria em 2015. De lá para cá, 116 temas já foram desenvolvidos e muitos deles foram apresentados em congressos nacionais e internacionais, ou encaminhados para publicação. Mais do que um evento, a defesa pública dos trabalhos pelos residentes é o congraçamento de todo um processo de formação que acontece durante a pós-graduação.

“O residente – relembra a preceptora do programa – é um aluno de pós-graduação Lato sensu e, como tal, precisa cumprir uma carga horária mínima de aulas teóricas, ser avaliado continuadamente e apresentar um trabalho de conclusão ao término do curso”.

Mas, para quem já conta com uma carga horária pesada de atividades práticas, a elaboração de um trabalho de conclusão não é uma atividade trivial. “Tínhamos grande dificuldade para que os residentes participassem das aulas presenciais, tendo em vista a intensa carga de trabalho e os plantões no Hospital. Foi preciso mudar a maneira de apresentar os conteúdos teóricos”, conta Adriana.

A utilização da plataforma de ensino online denominada ‘Moodle’ foi um dos recursos utilizados. “A participação dos alunos, remotamente, aumentou consideravelmente, favorecendo também a elaboração de TCCs com melhor qualidade”, acrescenta.

Outra medida adotada pela Residência em Pediatria foi a composição de um Conselho de Ensino dentro do Departamento, que além de acompanhar todas as iniciativas de melhoria, também passou a organizar a tradicional Jornada de Pediatria. “Tivemos um número recorde de participação na edição de 2017, com a apresentação de 67 pôsteres”, afirma Adriana.

+ Estudos
+ Aprofundamento
+ Possibilidades de atuação

De acordo com Adriana Riccetto, vários estudos têm mostrado que a inserção dos residentes em atividades combinadas de ensino e pesquisa contribui para o amadurecimento profissional dos futuros especialistas, que passam a entender melhor aquilo que aplicam na prática. “Médicos que entendem melhor a metodologia de pesquisa conseguem fazer perguntas mais pertinentes e propor novos tratamentos e protocolos”, explica.

“A Residência é uma atividade de aprendizado em serviço, daí a importância da formação prática. Todavia, acreditamos ser necessária uma formação mais ampla, para que o profissional possa enfrentar o mercado de trabalho com mais ferramentas. Um médico que saiu da universidade com um mestrado ou doutorado tem mais possibilidades de atuação”, afirma Adriana.

Em 2016, a FCM instituiu o curso de Mestrado Profissional em Ciência Aplicada à Qualificação Médica. Já na primeira turma, esta modalidade de pós-graduação passou a contar com egressos da residência em pediatria. É o caso da médica Ana Laura Becker, que cursou medicina e residência em Pediatria Básica  na FCM e que agora continua firme nos estudos como aluna do 2º ano de Alergia e Imunologia Pediátrica e aluna do mestrado profissional.

“Meu TCC da residência de Pediatria Básica foi apresentado em fevereiro de 2017 e teve como tema o “Perfil epidemiológico dos pacientes com diagnóstico de alergia alimentar atendidos no ambulatório de alergia e imunologia pediátrica do Hospital de Clínicas da Unicamp em 2016”. A partir do banco de dados deste trabalho, publicamos um relato de caso na revista Pediatric Allergy and Immunology e apresentamos um trabalho durante o 2018 AAAAI/WAO Joint Congress (American Academy of Allergy, Asthma & Immunology Annual Meeting/ World Allergy Congress), realizadao em março deste ano” conta Ana Laura

A pesquisa deu prosseguimento e origem ao projeto "Segurança e efetividade do teste de provocação oral na alergia à proteína do leite de vaca em crianças: experiência em hospital universitário", que está sendo desenvolvido no mestrado profissional com defesa prevista para o primeiro semestre de 2019. Para Ana Laura, a defesa de TCC durante a residência e a apresentação de trabalho em um congresso internacional foram experiências de enriquecimento profissional e pessoal.

“Sempre gostei da área de pesquisa científica, e acho que oportunidades como estas são de grande importância para a formação acadêmica dos especialistas, pois promovem discussões, atualizações e troca de experiências entre os profissionais da área”, comenta Ana Laura.

Egressa da residência em Pediatria Básica e Endocrinologia Pediátrica da FCM, a endocrinologista pediátrica Stela Carpini concorda com Ana Laura e diz que apesar da ansiedade, a apresentação de TCC para uma banca examinadora é a oportunidade de demonstrar amadurecimento profissional. Quando apresentamos um tema, devemos reestudá-lo e revisá-lo inúmeras vezes. Isso proporciona bagagem de conhecimento, revela Stela, que defendeu concluiu a residência em 2017, com a apresentação do trabalho “Avaliação dos níveis de FSH em meninas pré-púberes com Síndrome de Turner”, que deu origem a artigo publicado na revista BMC Endocrine Disorders em fevereiro de 2018.