Literalmente, a palavra fitoterapia pode ser entendida como “tratamento com plantas”, uma tradição mais antiga que os conselhos dos nossos avós para tomar esse ou aquele chazinho. Os primeiros registros do uso medicinal de ervas remontam aos sumérios, por volta de 5 mil anos atrás, mas há indícios que sugerem que a prática possa ser ainda mais antiga, talvez até mesmo originada no período Paleolítico (60 mil anos atrás). Formas orientais de medicina empírica, como a ayurveda e a medicina tradicional chinesa, valem-se do poder terapêutico de algumas plantas tanto para remediar como para prevenir doenças.
Apesar disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) só reconheceu a fitoterapia como uma ciência integrada à medicina alopática em 1978. Três anos depois o Ministério da Saúde do Governo Federal do Brasil publicou a primeira portaria (nº. 212) sobre o tema. Desde então, o uso das plantas em tratamentos de saúde ganhou respeito e mercado, embora ainda seja alvo de muita desinformação e até mesmo desconfiança.
“A população como um todo tende a gostar das plantas e adotá-las em tratamentos, até por uma questão cultural. Afinal, o povo brasileiro tem a herança de tradições africanas e indígenas, que faziam amplo uso desse recurso. Isso é especialmente forte nas regiões Norte e Nordeste”, diz Renata Carnevale, farmacêutica, doutora em Saúde Coletiva e pesquisadora do Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde (Lapacis) da Universidade de Campinas (Unicamp). Renata explica que a resistência existe em parte porque há pessoas que “só se sentem seguras quando recebem a receita de um medicamento sintético, quase como se o fitoterápico não fosse um remédio ‘de verdade’”.