Histórias de superação não faltaram na manhã dessa quinta-feira (18) na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Como em todos os anos, os calouros da Medicina e Fonoaudiologia chegaram para a matrícula com um enorme sorriso nos lábios. Os pais não se cabiam de tanta emoção ao ver os filhos ingressarem para uma das melhores universidades do país.
Leonardo Amaro Alexandre de Almeida estudou na Escola Estadual Alberto Cardoso de Melo, em São Paulo. Essa é a terceira vez que presta o vestibular da Unicamp. Abriu mão de tudo para tentar Medicina e foi atrás de bolsas de estudo em cursinhos para compensar o ensino médio. “Passar em Medicina é um sonho realizado, não só meu, mas da minha família”, disse.
Chelsy Chinhere Ifekaibeya é descendente de nigerianos e estudou no colégio Dom João Arides Rodrigues, em Campinas. A sua alegria era tanta que, desde sua chegada à FCM até o momento da inscrição, em Medicina, o sorriso dizia tudo. “É um sonho, não estou acreditando ainda”, confidenciou.
Lucas Andrade de Carvalho pegou uma infecção hospitalar ao nascer, que lhe deixou uma sequela em uma das pernas. Passou por nove cirurgias para corrigi-la e ficou muito tempo internado em hospital. Foi assim que o aluno da Escola Estadual Beatriz de Quadros Leme, de Capão Redondo, São Paulo, começou a admirar Medicina. “Prestei Unifesp, Fuvest, Unesp, PUC, Famerp e as Federais, mas a Unicamp era a Universidade onde eu queria fazer o faculdade dos meus sonhos”, revelou.
Janine Oliveira de Souza estudou na ETEC de São Paulo. Natural de Pirituba, disse que ajudar pessoas a deixa feliz. “Prestei Medicina ano passado e não entrei. Hoje é a realização de um sonho. Só falta começarem as aulas”, disse. Ana Lúcia Oliveira de Souza, mãe de Janine, estava rindo à toda. “Já estou preparada para não tê-la em casa. Mesmo assim, não tenho palavras para expressar minha alegria”, disse a mãe que é professora.
Ronaldo Anastácio Junior estudou no colégio Victor Meirelles e entrou em Fonoaudiologia. “Estou meio nervoso, ansioso, mas feliz. Escolhi Fonoaudiologia por me identificar com o curso e ser muito próximo de Medicina”, revelou. O pai, Ronaldo Anastásio, disse que a família toda está feliz pelo filho mais velho ter conseguido a façanha de terminar o ensino médio e entrar direto na faculdade. “Ele é inteligente, aplicado e memoriza as coisas com muita facilidade”, revelou.
Pedro Henrique Silva Carvalho fez a prova do vestibular em braile. Entrou em Fonoaudiologia (Veja matéria). Os pais, Carmen Lúcia Silva Carvalho e Rovilson Henrique Carvalho disseram que a deficiência visual nunca foi um obstáculo para Pedro Henrique. “Ele é um batalhador e teimoso com as coisas. Nunca desiste”, revelou o pai, de olhos marejados logo após o filho fazer a inscrição.
Christiane Marques do Couto disse que, após conversa com o pró-reitor de Graduação da Unicamp, Luis Alberto Magna e com profissionais e especialista do Cepre, o curso de Fonoaudiologia está pronto para receber o aluno com deficiência visual. “Inicialmente, vamos trabalhar com os recursos que ele já tem. Vamos propiciar materiais mais adequados e modernos, como máquina eletrônica e digital de braille e softwares que convertem voz em texto. Em sala de aula teremos áudio-descrição e um profissional de apoio para fazer a leitura do material escrito e outro profissional de mobilidade para andar no campus com ele”, revelou a coordenadora do curso de graduação em Fonoaudiologia da FCM da Unicamp.
O coordenador e a coordenadora associada do curso de graduação em Medicina, Paulo Eduardo Neves Ferreira Velho e Joana Fróes Bragança Bastos, acompanham a matrícula e cumprimentaram, pessoalmente, pais e alunos, durante toda a amanhã. Paulo Velho disse que os alunos serão acompanhados ao longo do curso, o que já é uma tradição dentro da faculdade.
“Há um esforço grande da Faculdade para que todos os nossos alunos tenham um desempenho excelente, sejam bons médicos, tenham um olhar diferenciado e mais humanizado sobre os pacientes”, revelou.
O diretor da FCM, Ivan Felizardo Contrera Toro, mandou uma mensagem especial aos calouros: “A Faculdade está contente com os alunos que estão entrando na Universidade, especialmente num curso tão difícil e concorrido quanto a Medicina”, disse Toro.
Centros Acadêmicos, Atléticas, Diretório Científico e Batucogu
Durante toda a amanhã, pais e calouros foram recebidos pelos veteranos e pelos alunos dos Centros Acadêmicos e Atléticas dos cursos de Medicina e Fonoaudiologia. A animação do dia ficou por conta da bateria Batucogu. Enquanto os filhos faziam a inscrição, os pais eram recepcionados com um café da manhã preparado pelos alunos integrantes do Centro Acadêmico Adolfo Lutz (CAAL).
“Preparamos um livreto com as informações com a programação da Calourada, dicas sobre onde morar, sobre as disciplinas do curso, quais ônibus eles podem pegar e coisas que eles precisam saber nesse momento”, explicou Filipe Ribeiro, do CAAL.
Uma das preocupações dos pais é com relação ao trote. Marcela Falleiros, estudante do segundo ano de Medicina e presidente da Associação Atlética Acadêmica Adolfo Lutz (AAAAL), disse que a entidade é contra o trote estudantil e que a Atlética está disposta a ajudar os calouros com qualquer situação que os estejam incomodando.
“A FCM melhorou muito nesse sentido, graças às várias comissões que foram criadas para acompanhar os alunos. Organizamos nossas atividades para que hoje fosse o dia mais importante na vida dos calouros. Esse momento é maravilhoso, especial e único”, comentou Marcela.
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