Faça o teste: entregue um aparelho celular, tablet ou smartphone a uma criança de quatro ou cinco anos. Quantos segundos ela leva para deslizar o dedo sobre a tela para ligar o equipamento? Cenas como essa se tornaram comuns e quase já não surpreendem. Por outro lado, tem sido cada vez mais desafiador preservar as informações produzidas no meio digital. Essa e outras reflexões integraram a programação do III Workshop Documentos Digitais: Temas Cotidianos, realizado nessa sexta-feira (6), na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Os documentos digitais são de fato um tema cotidiano. Hoje em dia trabalhamos e lidamos com o digital. Estamos mergulhados em um mundo onde as comunicações cada vez mais estão sendo produzidas e processadas nesse meio”, observa a coordenadora do Sistema de Arquivos da Unicamp (Siarq), Neire do Rossio Martins, especialista em Gestão e Preservação de Documentos Arquivísticos Digitais.
“É inconcebível pensar em viver hoje em dia sem essas tecnologias da informação. A questão está em como guardar as informações produzidas nesse meio, de modo que estas se mantenham autênticas e íntegras para as gerações futuras, e ainda, que façam sentido”, disse.
Na Unicamp, essa é uma questão primordial para preservar, inclusive, a memória da própria instituição. “Especialmente neste ano, quando a Faculdade completou 50 anos, percebemos que foi graças aos nossos arquivos e à sensibilidade de algumas pessoas que pudemos resgatar e contar a história da FCM”, disse o diretor da unidade, Mario José Abdala Saad.
“Com a lei de acesso à informação (Lei 12.527/2011) esse passou a ser um assunto ainda mais pertinente. As universidades, principalmente as públicas, têm o dever de oferecer transparência em todas as suas ações. Não apenas devemos trabalhar com muito cuidado, como também registrar com muito cuidado”, observou Saad.
Outra reflexão levantada pelo diretor da FCM foi a ética profissional no cotidiano de gestão dos documentos digitais. “Vivemos em uma época onde essa é uma questão muito delicada”, comentou Saad em relação aos acontecimentos recentes de suposta espionagem de dados e de informações sigilosas, realizada pelos Estados Unidos, no Brasil.
Próxima turma
No dia 20 de setembro, o workshop recebe a segunda turma de inscritos. Ainda há vagas disponíveis e os interessados em participar do evento devem enviar um email para cmemoria@fcm.unicamp.br, informando nome completo, CPF, telefone para contato e área de atuação. O encontro realizado nessa sexta-feira contou com a participação de 73 pessoas.
Organizado pela Comissão Setorial de Arquivo (CSA) e pelo Centro de Memória e Arquivo (CMA) da FCM, o Workshop conta com o apoio do Siarq-Unicamp e da Agência de Formação Profissional da Unicamp (AFPU). Conforme a programação, aconteceram as palestras “Os dez mandamentos da preservação digital” – com o supervisor da área de processamento técnico e atendimento do Arquivo Edgard Leuenroth, Humberto Celeste Innarelli – e “Informação digital no contexto da Universidade” – com a bibliotecária da seção de referência da Biblioteca da FCM, Juliana Ravaschio Franco de Carmargo.
Camila Delmondes - ARP - FCM/Unicamp