A disciplina de urologia do Departamento de Cirurgia, em parceria com o Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, inauguraram na manhã desta quarta-feira (30), o Laboratório de Urologia (LabUro). Localizado no saguão de entrada do Centro de Investigação em Pediatria (Ciped), o LabUro atenderá homens, mulheres e crianças com problemas de incontinência urinária. No caso dos homens, servirá para pesquisas pré e pós-cirurgia de retirada da próstata.
A incontinência urinária atinge cerca de 5% a 15% dos homens e em torno de 20% a 30% de mulheres. Com a idade, este índice pode chegar a 50%. Na infância e na adolescência, a incontinência urinária é bastante elevada e chega a ser comparada com a incidência de alergias. A incontinência urinária é um problema mundial. No Brasil, há poucos estudos sobre o impacto emocional da doença, principalmente em homens.
Com a prostatectomia radical, método mais antigo e eficaz para o tratamento do câncer de próstata, muitos pacientes passam a ter incontinência urinária que, às vezes, vem acompanhada da impotência sexual, outra complicação que pode surgir após a cirurgia para a retirada da próstata. Segundo dados estatísticos retirados da literatura médica, 7% dos homens podem ter incontinência urinária após prostatectomia, mas nem sempre é definitivo. Se depois de um ou dois anos o paciente continuar com incontinência urinária, é possível entrar com tratamentos para a correção do problema.
“Este laboratório dá o ponta-pé inicial numa série de pesquisas colaborativas multiprofissionais entre urologia, enfermagem, fisioterapia e outras áreas. É um espaço aberto para aumentar nossa produtividade em pesquisa”, disse urologista Carlos Levi D’Ancona, um dos idealizadores do laboratório.
A enfermeira do Hospital de Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti e pesquisadora-colaboradora do LabUro, Rosangela Higa, disse que a implantação do laboratório é um sonho da professora Maria Helena Baena de Morais, que por motivos de saúde não pode comparecer à inauguração. “A primeira linha de pesquisa que Maria Helena irá implementar são estudos para diminuir o impacto pré e pós-prostatectomia na qualidade de vida dos homens”, revelou Rosangela.
Maria Isabel Pedreira de Freitas, chefe do Departamento de Enfermagem da FCM, disse que dificilmente a enfermagem conseguiria abarcar sozinha o problema da incontinência urinária masculina e definiu como inédita essa parceria e linha de pesquisa. Em seu discurso, Maria Isabel revelou que projeto de transformar o Departamento de Enfermagem em Faculdade de Enfermagem foi acolhido na reunião do Conselho Universitário (Consu) realizada ontem. O projeto, agora, será analisado por uma comissão.
“Estamos vendo um sonho se concretizar. Essa autonomia da Enfermagem não vai dividir, mas sim fortalecer as áreas específicas”, revelou Maria Isabel.
O coordenador do Ciped, Gil Guerra Jr., disse que o centro conta com pesquisadores de vários Departamentos, como pediatria, clínica médica, neurologia, patologia clínica, anatomia patológica, farmacologia e agora, finalmente, cirurgia e enfermagem. “Hoje, pesquisa se faz de uma forma multi e interdisciplinar. A urologia e a enfermagem vão alavancar as pesquisas desenvolvidas no Ciped”, disse Gil Guerra.
A diretora-associada da FCM, Rosa Inês Costa Pereira, disse que conhece a capacidade e tenacidade de D´Ancona da convivência no Centro Cirúrgico e a dedicação de Maria Helena dos trabalhos desenvolvidos em conjunto na Comissão de Pesquisa do Caism. “Confesso que essa união de esforços tem propiciado ao conjunto da FCM esse crescimento e multiplicação de laboratórios. Isso facilita a interação de Departamento e Unidades. Disso, virá muita pesquisa de boa qualidade”, ressaltou Rosa Inês.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP
Fotos: Mário Moreira - CADCC-FCM/UNICMAP