O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) aprovou no mês de maio a criação do Programa Pesquisador em Medicina que permite aos alunos de graduação do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) se matricularem em disciplinas dos programas de pós-graduação stricto sensu da Unicamp. Serão oferecidas, anualmente, duas vagas. De acordo com o Programa, o aluno receberá o diploma de graduação e de doutorado no prazo de nove anos, tempo inferior ao prazo que ele levaria se percorresse a trajetória normal de formação em medicina seguido de pós-graduação.
Poderão participar alunos regularmente matriculados no sexto ou oitavo semestre do curso de graduação em medicina da FCM da Unicamp. O Programa permitirá ao aluno a interrupção de seu curso de graduação no final do sexto ou oitavo semestre para cursar disciplinas de Pós-Graduação no ano seguinte, na qualidade de aluno especial com vistas à obtenção sucessiva de diplomas de graduação e de doutorado. As inscrições devem ser feitas no site da FCM (www.fcm.unicamp.br) no menu Ensino (www.fcm.unicamp.br/pesquisador/pages).
Cada aluno será orientado em suas atividades por um orientador credenciado. Após a conclusão de suas atividades como aluno especial na pós-graduação, o aluno deverá retornar à graduação e cumprir os créditos de disciplinas faltantes para obtenção do título de graduação.
O Programa será coordenado por uma comissão constituída por dois representantes da Comissão de Ensino de Graduação em Medicina e dois representantes da Comissão de Pós-Graduação em igual proporcionalidade. O coordenador-geral do Programa Pesquisador em Medicina será o Coordenador da Comissão de Pós-graduação da FCM, cargo no momento ocupado pelo professor, Licio Velloso, pesquisador na área de obesidade e diabetes.
O Projeto Pesquisador em Medicina foi idealizado em 2009, na gestão do professor José Antonio Rocha Gontijo, diretor da FCM na época. De acordo com Gontijo, outras instituições brasileiras com cursos de graduação bem consolidados e pós-graduação de excelência já oferecem essa modalidade, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“O programa pesquisador em medicina já existe em várias universidades do mundo, principalmente nas americanas, que qualificam alguns indivíduos para a realização de pesquisas, especificamente direcionadas às ciências humanas, à medicina e à fisiopatologia. Cabe agora encontrarmos na FCM alunos com este perfil”, disse Gontijo.
O aluno que optar por essa modalidade deverá desenvolver e concluir projeto de iniciação científica com bolsa FAPESP ou CNPq. O projeto deverá preencher os requisitos para ingresso no doutorado. O aluno deverá cumprir as disciplinas obrigatórias do curso de pós-graduação ao qual for vinculado e deverá ter proficiência em inglês.
Para o médico Wilson Nadruz, coordenador de graduação em medicina da FCM da Unicamp, o aluno que optar em se candidatar ao Programa Pesquisador em Medicina vai conseguir economizar tempo, pois a ideia é que o projeto de iniciação científica seja uma continuação dentro da pós-graduação. Como exemplo, Nadruz cita um aluno da área cirúrgica, que faz seis anos de graduação, mais cinco ou seis de residência em cirurgia e só depois vai fazer o mestrado e doutorado. Por este caminho, o aluno vai terminar a formação com mais de 30 anos.
“Esse novo modelo proposto é uma iniciativa de vanguarda na área de saúde e vai atrair e selecionar pessoas com aptidão científica e acadêmica que poderão se tornar futuros professores”, disse Wilson.
Para o pró-reitor de Graduação (PRG) da Unicamp, Marcelo Knobel, esse programa reflete muito bem a capacidade da Unicamp em inovar em várias áreas do conhecimento e em particular na graduação. A FCM também tem essa característica: buscar inovações.
“O Programa Pesquisador em Medicina se configura especificamente na área médica e pretende despertar nos jovens o gosto pela pesquisa. A medicina é o curso mais procurado da Unicamp e esse programa é uma oportunidade para atrair novos talentos”, disse Knobel.
Segundo Mario José Abdalla Saad, Diretor da FCM, espera-se que uma faculdade de medicina, inserida numa Universidade com tradição em pesquisa, ofereça amplas possibilidades aos alunos, de tal forma que, durante o curso, ele se envolva com pesquisa e desenvolva o seu doutorado já durante a graduação. Um estudo inglês mostra que o médico que faz pesquisa durante a sua graduação ou residência médica torna-se liderança científica na sua área de atuação.
“Isso é uma coisa moderna e nova. Mudanças de paradigmas em ciência são feitas numa idade muito jovem. Se você colocar jovens fazendo pesquisa, pode ter a esperança de grandes descobertas científicas. Se transmitirmos aos alunos que estamos fazendo um programa importante, de excelente formação com uma nova opção de mercado que seria o médico-pesquisador, vamos ter candidatos além das vagas disponíveis”, disse Saad.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp