A médica endocrinologista Laura Sterian Ward, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e presidente do departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), realizou na tarde desta quarta-feira (23), no anfiteatro do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, a palestra “Nódulos de tireoide, hiper e hipotiroidismo”. Participaram também a endocrinologista Lígia Vera M. da Assumpção e o cirurgia de cabeça e pescoço Alfio Tincani, ambos da FCM. A palestra faz parte da programação da Semana Internacional de Tireoide que ocorre até o dia 31 de maio em todo Brasil.
“A glândula tireoide fica localizada bem na frente do pescoço, embaixo da pele. Para o auto-exame, olhe-se no espelho, localize a glândula com a mão e engula, como se estivesse bebendo água, e sinta se há algum nódulo no local. O ultrassom não é um bom exame para rastrear nódulos, porque a maioria é benigno. Apenas 0,01 % dos nódulos de tireoide são malignos. Mesmo após a cirurgia, todo paciente evolui bem”, disse Laura durante a palestra.
As dúvidas mais comuns nas palestras é sobre as disfunções da tireoide, como o hiper e hipotiroidismo. De acordo com a SBEM, estima-se que aproximadamente 300 milhões de pessoas sofram de disfunções da tireoide no mundo e, destas, mais de 50% desconhecem esta condição. Estudos populacionais brasileiros mostram que 10% da população têm problemas de tireoide. Em idosos, a incidência das doenças aumenta, e nas mulheres a chance de desenvolver as doenças da tireoide é de três a cinco vezes maior do que nos homens.
Segundo Laura, fadiga, intolerância ao frio, desânimo, queda de cabelo, pele seca e ganho de peso podem ser sintomas de hipotireoidismo. Já perda de peso, pele úmida e agitação podem ser sintomas de hipertireoidismo. Um em cada três mil recém-nascidos pode ter hipotiroidismo congênito – má formação da glândula tireoide ou ausência dela. A doença de Hashimoto é uma doença autoimune: as células de defesa produzem anticorpos que atacam os hormônios da tireoide. O mecanismo de como isso acontece é objeto de estudo de pesquisadores no mundo todo.
“Para disfunções da tireoide, o melhor exame é o TSH. Porém, não há um consenso de quando uma pessoa deve fazer. Ao recém-nascido é assegurado o direito de fazer o teste do pezinho. Recomenda-se que após os 35 ou 40 anos, todos devem fazer o exame de TSH anualmente, como rotina”, explicou Laura.
Para esclarece dúvidas, será lançado o livro “Manual prático de tireoide para paciente”. Trata-se de um livro destinado ao público leigo com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas e falar sobre as doenças da tireoide. O livro será lançado, oficialmente, durante o Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabolismo, em Goiania, de 7 a 10 de novembro.
“Trata-se de uma edição escrita para o público leigo a partir da edição de um livro de bolso editado em 2009 para médicos e residentes”, disse Ward.
A mesma palestra apresentada na Unicamp será reproduzida em outras 17 cidades brasileiras. No dia 25 de maio, um estande de atendimento para esclarecer dúvidas sobre câncer de tireoide, hiper e hipotiroidismo será montado no hospital Celso Pierro, em Campinas.
Texto e fotos: Edimilson Montalti – ARP-FCM/Unicamp