Durante dois dias, aproximadamente 180 pesquisadores dos 14 grupos que compõem o Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Obesidade e Doenças Associadas (Cepid-OCRC) da Unicamp e pesquisadores convidados estarão reunidos na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) para apresentar novos métodos de avaliação do gasto energético em seres humanos, o uso da ressonância magnética para estudo do cérebro de pessoas obesas e outras pesquisas relacionadas à obesidade.
De acordo com o médico e coordenador do Cepid-OCRC Lício Augusto Velloso, o Brasil tem hoje 20% da população obesa e 35% com sobrepeso. Isso, segundo o pesquisador da Unicamp, aumenta o risco para doenças cardiovascular, hipertensão, aterosclerose, diabetes e desenvolvimento de câncer.
“Temos duas frentes principais: uma que trabalha na busca de alvos-terapêuticos para novos medicamentos e abordagens nutricionais para melhorar a obesidade e outra que trabalha na difusão desse conhecimento para a população. Desenvolvemos trabalhos com crianças em idade escolar e todo ano trazemos 20 alunos para o Ciência e Arte nas Férias”, explicou Lício.
Alergia alimentar
Ariana Campos Yang, coordenadora do ambulatório de alergia alimentar e dermatite atópica do HC da USP e médica do serviço de alergia e oncologia do HC da Unicamp, foi a primeira palestrante da manhã dessa terça-feira (1). Ela disse que a alergia alimentar está aumentando no mundo e que virou moda associá-la ao glúten e a lactose. Entretanto, segundo a pesquisadora, no Brasil há um diagnóstico desproporcional devido ao pouco conhecimento dos mecanismos que desencadeiam as alergias.
Um desses mecanismos, segundo Ariana, está relacionado à microbiota intestinal associada a fatores genéticos e ambientais. Estudos apontam duas variáveis para o aumento da alergia alimentar, de acordo com Ariana: o aumento de partos por cesária e a queda do aleitamento materno com a introdução de fórmulas de leite para a amamentação do recém-nascido.
“A microbiota intestinal é como uma impressão digital que começa a ser programada antes de nascermos. Crianças nascidas de parto normal tem 90% de lactobacilos estabelecidos no intestino, enquanto que crianças nascidas de cesária tem apenas 30%”, revelou.
Durante hoje e amanhã (2), diversos trabalhos serão apresentados no encontro do Cepid-OCRC. Veja a programação completa.