Começou nesta segunda-feira (28) a VI Semana de Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Idealizado pela Câmara de Pesquisa com o apoio da diretoria da FCM, 154 trabalhos de alunos de iniciação científica e de pós-graduação serão expostos até o dia 31 de maio, das 8h30 às 17h30, no saguão do Espaço das Artes da FCM.
Diariamente, 50 trabalhos são apresentados oralmente, das 12 às 14 horas. Cinco trabalhos serão premiados. Os três melhores trabalhos recebem como prêmio o custeio para participação em congressos nacionais ou internacionais. Os outros dois recebem menção honrosa. Todos serão publicados numa edição especial do Boletim da FCM.
De acordo com o professor e coordenador da Câmara de Pesquisa, Fernando Cendes, os trabalhos apresentados nesta sexta edição são de boa qualidade. A Semana de Pesquisa, segundo Cendes, é um espaço dentro do calendário da FCM para incentivar os alunos a treinarem suas apresentações, descobrirem e interagirem com outros grupos de pesquisa.
“Isso é fundamental para o currículo do aluno. É importante que a comunidade local saiba o que está sendo produzido de pesquisa na Universidade. A premiação é um incentivo a mais para eles divulgarem o que estão fazendo”, disse Cendes.
Renan Felipe Correa, segundanista do curso de Educação Física da Unicamp resolveu inscrever o trabalho "Correlação entre níveis de qualidade de vida e estresse percebido apresentados por atletas de voleibol feminino da PMC/Unochapecó/Inviolável/Perfiaço durante a fase classificatória do campeonato catarinense de voleibol feminino - 2011", por achar uma boa oportunidade para mostrar a pesquisa e conhecer novos laboratórios da Universidade.
A pesquisa é um recorde de um trabalho orientado pela professora Mariângela Gagliardi Salve, da Faculdade de Educação Física (FEF) que visa estudar a qualidade de vida em atletas de alto rendimento no esporte brasileiro. Segundo Renan, não existe pesquisa brasileira nesta área.
“Apesar da qualidade de vida das atletas não diferenciar da população normal, o estresse é uma variável que atua negativamente na qualidade de vida e desempenho dessas atletas”, disse Renan.
Maria Cristina A. Santos está no terceiro ano de medicina. Desde o primeiro ano ela pesquisa as causas do Mal de Parkinson no Departamento de Neurologia. A pesquisa “Análise morfométrica do cerebelo e tálamo em pacientes com distonia craniocervical”, que ela trouxe para a VI Semana de Pesquisa, será apresentada daqui a 15 dias num congresso internacional na Irlanda. A orientação é da professora Anelyssa D´Abreu, do Departamento de Neurologia da FCM.
“No começo, a gente fica nervoso. Por mais difícil que seja obter os resultados, o trabalho é gratificante. Esta pesquisa abriu várias portas para mim”, disse Maria Cristina.
As distonias são caracterizadas por movimentos torsionais sustentados, que podem acometer qualquer parte do corpo. Imagens foram adquiridas de 26 pacientes e 29 controles no aparelho de ressonância magnética.
“Não encontramos diferença macroestrutural. Isso reforça a tese de que existe uma alteração microestrutural que talvez se relacione com a patologia da doença, alterando os circuitos do cerebelo conectados ao cérebro”, explicou Maria Cristina.
A economista e doutorando do programa de Saúde Coletiva da FCM Eunice Stenger disse que Semana de Pesquisa é uma oportunidade a ciência ao público de uma maneira diferente; é o momento em que as pessoas encontram uma “visibilidade do que é social dentro da ciência, principalmente a médica”.
Orientada pelo professor Heleno Rodrigues Correa Filho, ela apresentou o trabalho “Estresse profissional e o ‘lean production’ - os efeitos sobre a saúde dos trabalhadores na fusão empresarial de grupo metalmecânico multinacional brasileiro”.
A pesquisa estuda os modelos Just in Time, Kaizen, métodos de trabalho japoneses e a precarização do trabalho sob a ameaça do desemprego e associa-os ao impacto na saúde do trabalhador. Os dados preliminares demonstram tensões, angústia e piora da qualidade de vida do trabalhador “full time” que pensa em trabalho mesmo quando volta para casa. Os resultados finais da pesquisa serão concluídos em 2014.
“É difícil o cidadão comum entender o que as pessoas fazem durante tanto tempo dentro da universidade ou porque a pesquisa é longa e tão demorada. A pesquisa segue o método cartesiano. A saúde coletiva está preocupada com que toca a sociedade como um todo. Precisamos mostrar, cientificamente, que os adoecimentos são socialmente criados”, disse Eunice.
Em virtude das comemorações dos 50 anos da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, a Câmara de Pesquisa não apresentará palestras neste ano. O encerramento da VI Semana de Pesquisa da FCM será no dia 31 de maio, às 14 horas, no Salão Nobre da FCM, com a premiação dos melhores trabalhos.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp
Fotos: Edimilson Montalti e Péricles Lima