Os médicos-residentes do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp apresentaram 36 trabalhos de conclusão de curso (TCC) na manhã dessa sexta-feira (6). As apresentações aconteceram no anfiteatro Paulistão durante a III Assembleia Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FCM. As apresentações foram acompanhadas por professores, alunos, médicos-residentes e convidados.
“Os residentes são uma base fundamental para o Departamento e a residência possibilita avanços na formação do médico. A apresentação dos trabalhos de conclusão de curso passou a ser obrigatória e, agora, tem um peso maior na qualificação profissional”, disse Claudio Saddy Coy, chefe do Departamento de Cirurgia da FCM.
De acordo com o cirurgião vascular da FCM Fábio Hüsemann Menezes, a ideia é que os TCCs fiquem cada vez mais equivalentes ao nível da pós-graduação – mestrado e doutorado – e possam ser publicados em revistas de impacto nacional e internacional. "No hospital, os residentes estão sempre ao lado dos médicos, enfrentando os desafios do dia a dia. São especiais", reforçou Fábio.
Cada apresentação tem a duração de 7 minutos. Os trabalhos são comentados por uma banca. Ao final, os médicos recebem o certificado de conclusão emitido pela diretoria acadêmica de acordo com cada especialidade. (Veja relação dos TCCs).
Convidado internacional
O professor de cirurgia e UTI do St Michael's Hospital da Universidade de Toronto, Canadá, Sandro Rizoli, fez a palestra de abertura da III Assembleia Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FCM. Sandro contou um pouco de sua trajetória desde que saiu da FCM e foi para Goiás operar sob à luz de lanternas até voltar para a Unicamp à convite do professor Mario Mantovani – criador da disciplina do trauma – e, depois, investir na carreira de pesquisador, no Canadá. (Veja mais).
“A diferença entre fazer residência num hospital universitário do que em um hospital privado é a possibilidade de fazer pesquisa. Se você gostar, aproveite a oportunidade. Quando me formei, eu já tinha várias pesquisas publicadas”, disse Rizoli.
De acordo com Rizoli, o trauma é um sério problema de saúde pública, representando a terceira causa de óbito na população em geral no Brasil e a primeira causa de óbito em indivíduos com menos de 40 anos, e os distúrbios de coagulação ocorrem em doentes traumatizados graves, que necessitam de transfusão sanguínea.
A hemorragia é uma das principais causas de óbito. Em traumatizados graves a transfusão de sangue é um procedimento frequente e os distúrbios de coagulação secundários às alterações fisiológicas que o doente apresenta representam um desafio durante o tratamento na sala de emergência, centro cirúrgico e Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Doente de trauma sangra muito por causa da dilaceração do órgão e por falta de coagulação – uma disfunção orgânica. A prioridade para manter o paciente vivo é parar o sangramento. Há um estudo recente com 20 mil doentes onde era usado o transamin – uma droga que ajuda na coagulação do sangue – e a sobrevida melhorou. O médico deve estar consciente que a hemostasia pode não estar funcionando”, disse.