O Espaço das Artes, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, recebe até 14 de julho, a exposição fotográfica “Projeto Rondon – Operação Forte do Presépio”, realizada por um grupo multidisciplinar de docentes e estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que participaram da expedição. A abertura aconteceu na manhã dessa segunda-feira (30), com a presença de integrantes do projeto e do pró-reitor de Extensão Universitária e Assuntos Comunitários (Preac) da Unicamp, João Frederico da Costa Azevedo Meyer.
“A extensão universitária extensão tem que ser ligada ao ensino e à pesquisa e tem que ser de mão dupla. Temos que levar e trazer conhecimento”, pontuou Meyer. De acordo com o pró-reitor, a extensão está intimamente ligada à construção do conhecimento. “A universidade pega dados na sociedade e na natureza, transforma isso em informação e dessa informação constrói ciência. Para alguns, o papel da universidade acaba aí, mas existem mais um passo que precisa ser dado, que é colocar essa ciência a serviço da sociedade. Após essa etapa, voltamos para a universidade, criticamos a ciência, mudamos a informação e voltamos para colher mais dados”, explicou.
Amauri Ap. Aguiar faz parte da equipe técnica da PREAC, sendo responsável pela coordenação do Projeto Rondon. Para ele, o maior ganho do Unicamp e estudantes em contato com os estudantes em contato com uma realidade diferente daquela vivenciada nos eixos sul e sudeste do país. “Eles entram em contato com os moradores e veem as dificuldades enfrentadas por eles no que se refere à qualidade de vida”.
A professora do curso de graduação em Fonoaudiologia da FCM, Helenice Nakamura, foi uma das duas docentes participantes da Operação Forte do Presépio pela equipe da Unicamp e falou a respeito do impacto positivo causado pela da imersão proporcionada no período de 15 dias. “Uma coisa é certa. A gente sai do projeto Rondon, mas o projeto não sai da gente. Os estudantes voltam mais apropriados em relação que é saúde e cidadania, voltam mais flexíveis, maduros e companheiros, entendendo que para construir o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Brasil são necessárias muitas mãos”.
Quando embarcaram em julho do ano passado para a operação Forte do Presépio Francieli A. C. Kaiser, Raphaela M. Lopes e Rafael Vásquez cursavam o último ano dos cursos de graduação em Tecnologia em Saneamento Ambiental, Enfermagem e Geografia, na Unicamp. Já formados, eles comentaram sobre as principais mudanças trazidas pela participação no projeto.“Chegar a uma comunidade que não tem saneamento básico, coleta de esgoto e tratamento de água foi um choque de realidade, saber que a profissão tem muito a fazer com pouco conhecimento”, disse Francieli. “Para a minha profissão foi um divisor de águas porque eu pude observar como eu desenvolvia minhas atividades de saúde com as crianças, por exemplo. Sou profissional da saúde, mas no projeto tive a oportunidade realizar atividades que nunca tinha imaginado participar, como dar uma entrevista para a rádio local e gravar um jingle”, disse Raphaela. “A gente aprende muito mais do que ensina. Como geógrafo, pude vivenciar uma realidade com problemas diferentes dos problemas daqui”, observou Rafael.
Com a exposição, outros estudantes que participaram do projeto poderão relembrar a experiência e matar a saudade. É o caso da pós-graduanda da FCM, Gabriela Spagnol, que participou da Operação Velho Monge, realizada em janeiro de 2013, nas proximidades do Rio Parnaíba, entre os estados do Maranhão e Piauí. “Nunca tinha imaginado o que seria a realidade de uma comunidade no interior do meu país e o que eu iria aprender com esse projeto. Depois de participar do Rondon tenho uma visão muito mais multidisciplinar para me apropriar do conhecimento de outras áreas e promover mudanças significativas em uma comunidade”, disse.
Sobre
O Projeto Rondon, coordenado pelo Ministério da Defesa, é um projeto de integração social que envolve a participação voluntária de estudantes universitários na busca de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável de comunidades carentes e ampliem o bem-estar da população. São objetivos do projeto: contribuir para a formação do universitário como cidadão; integrar o universitário ao processo de desenvolvimento nacional, por meio de ações participativas sobre a realidade do País; consolidar no universitário brasileiro o sentido de responsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais; estimular no universitário a produção de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas. Mais informações: http://projetorondon.pagina-oficial.com/