O Programa Saúde da Família (PSF) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp realizou na quarta-feira (21), no anfiteatro da faculdade, um simpósio para divulgar a especialidade médica Medicina de Família e Comunidade (MFC) para alunos do curso de medicina. A MFC é uma especialidade médica reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ela é eminentemente clínica e desenvolve práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde dirigidas a pessoas, famílias e comunidades.
“O simpósio foi elaborado com o objetivo de mostrar o trabalho de mais de dez anos da residência médica de Medicina de Família e Comunidade da Unicamp, bem como de mostrar o campo de atuação do médico de família e comunidade. A maioria dos participantes eram alunos da graduação, conforme esperávamos. Tivemos em torno de 94 inscritos no evento. A receptividade dos participantes foi muito boa, houve participação ativa dos alunos até o final do seminário”, disse Márcia Maria Nunes Ferro, residente de Medicina de Família e Comunidade da Unicamp.
No Brasil, os primeiros programas de residência médica nesta área foram em Medicina Geral e Comunitária (MGC), organizados a partir de 1976 no Rio Grande do Sul e reconhecidos pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) em 1981. Contudo, foi com a criação e a expansão do Programa Saúde da Família que a Medicina de Família e Comunidade ganhou destaque, sendo incorporada às políticas públicas de saúde no País.
A trajetória brasileira de consolidação da MFC como especialidade médica, tal como apresentada, partindo da necessidade de reorganização do sistema de saúde tem sido observada em outros países, como a Espanha, Canadá e Inglaterra.
Para apresentar esta especialidade médica aos alunos, foram convidados vários profissionais que atuam na área. Giuliano Dimarzo, médico de família e comunidade formado pela Unicamp e preceptor da residência de Medicina de Família e Comunidade da FCM, falou sobre o método clínico centrado na pessoa. Francisco Mogadouro da Cunha, também formado pela Unicamp e conselheiro municipal de Saúde de Campinas e médico de Família e Comunidade da rede de Campinas no Centro de Saúde do DIC III falou sobre mercado de trabalho e atuação do médico de família na comunidade.
A Irmã Monique Marie Marthe Bourget, médica de Família e Comunidade formada pela Universidade de McGill, do Canadá, e coordenadora da residência de Medicina de Família e Comunidade do Hospital Santa Marcelina falou sobre a formação em Medicina de Família e Comunidade. Felipe Cardoso, preceptor da residência de Medicina de Família e Comunidade da Unicamp coordenou a mesa redonda do seminário.
No final, a professora Olga Maria Fernandes de Carvalho, coordenadora do Programa Saúde da Família da FCM, foi homenageada. Em 1998, alguns docentes da FCM participaram de uma oficina em Atibaia, promovida pela DIR-XII e Ministério da Saúde, para discutir o Programa de Saúde da Família. No ano seguinte, sob a gestão de Mario Saad, atual diretor da FCM, foi proposta a criação de Cursos de Saúde da Família na Unicamp, por Luiz Carlos Zeferino, então diretor-associado. O curso contou com a cooperação da professora Ana Maria Segall Corrêa, do Departamento de Medicina Preventiva e Social. Ana Maria Franklin de Oliveira, então assessora do Ministério da Saúde para o PSF e da Escola de Saúde Pública do Ceará foi convidada para a coordenação executiva deste projeto.
A partir de 2001, a médica Olga Maria de Carvalho, professora do Departamento de Clínica Médica, foi convidada para o exercício da preceptoria da residência em Medicina Geral Comunitária renomeada, em 2002, para Medicina de Família e Comunidade.
Texto: Edimilson Montalti – ARP-FCM/UNICAMP