A pesquisa "Expressão do gene da tirosina quinase de Bruton e de sensores do estresse do retículo endoplasmático na agamaglobulinemia ligada ao X" recebeu o prêmio de melhor pôster apresentado durante o 16º Encontro Bienal da Sociedade Europeia para Imunodeficiências, ocorrido em Praga, Repúbica Tcheca, no final de outubro e início de novembro. A pesquisa concorreu com outros trabalhos 1.027 inscritos e ficou entre as dez premiadas. A apresentação foi feita pela professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Maria Marluce Vilela, orientadora da tese de doutorado defendida em fevereiro de 2014 pela bióloga Vanessa Domingues Ramalho.
A agamaglobulinemia ligada ao X é uma imunodeficiência primária caracterizada por um bloqueio na diferenciação dos linfócitos B na medula óssea, levando à profunda hipogamaglobulinemia e reduzido número ou ausência de linfócitos B periféricos. XLA é causada por mutações no gene da tirosina quinase de Bruton (BTK). Pacientes com essa imunodeficiência são susceptíveis a infecções recorrentes por bactérias encapsuladas e enterovírus devido à deficiência de anticorpos. Contudo, não há estudos de relação entre expressão protéica e o tipo de mutação, nem sobre as conseqüências da retenção intracelular do excesso de proteínas mal formadas.
O diagnóstico de XLA foi baseado em infecções recorrentes, níveis significativamente reduzidos de IgM, IgG e IgA, linfócitos B circulantes menor que 2% e mutação identificada no gene BTK. A expressão dos transcritos de BTK e a expressão de dez genes sensores do estresse do retículo endoplasmático foram avaliados por técnica de PCR quantitativo em tempo real. Foi detectado um perfil de expressão de BTK diferenciado nos pacientes com mutações que levam a stop codon prematuro em comparação aos pacientes com mutações missense e controles saudáveis.
Especificamente, os pacientes com mutações que resultam em stop codon prematuro têm redução da expressão de BTK enquanto as mutações missense não afetam a expressão de BTK.
“Encontramos que as mutações com stop codon prematuro impediram a síntese da proteína BTK e as do tipo missense resultaram na localização anormal da proteína no citoplasma celular, o que evidencia a síntese de proteína não funcional. Os pacientes com XLA apresentaram expressão aumentada do marcador de estresse do retículo endoplasmático XBP1. Este é o primeiro relato de estresse do retículo endoplasmático na agamaglobulinemia ligada ao X. Nossos resultados sugerem que o defeito de BTK pode afetar a expressão de XBP1 em monócitos. Como fator de transcrição multifuncional, a up-regulação de XBP1 em pacientes com XLA abre novos caminhos de pesquisa que ajudarão a entender a complexa fisiopatologia da XLA”, explica Marluce.
A pesquisa tem apoio da Fapesp e Capes.