Para comemorar os nossos 10 anos do ambulatório de obesidade da criança e do adolescente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, aconteceu nos dias 2 e 3 de outubro, no anfiteatro 1 da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a Jornada de Obesidade. A conferência de abertura intitulada “50 anos de obesidade na infância” foi proferida pelo médico, pesquisador e professor do Departamento de Pediatria da FCM, Antonio de Azevedo Barros Filho.
De acordo com Barros, a obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal que ocasiona prejuízos à saúde. Diversas escalas são usadas para medir a obesidade. Para adultos, convencionou-se usar o índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 30 para sobrepeso e acima de 30 para obeso. Entretanto, para crianças, nem sempre esse índice é o mais adequado, pois ele oscila. Independentemente desse cálculo, é fato que as crianças brasileiras estão acima do peso.
Segundo Barros, o perfil nutricional das crianças vem mudando nos últimos anos: a desnutrição vem caindo, a estatura vem aumento e o sobrepeso também. Recentes pesquisas realizadas por Barros e sua equipe mostram que 50% de crianças com menos de um ano já tomam refrigerante e que, no Paraná, bebês de quatro ou cinco meses de vida comem lasanha.
Dados ainda apontam que a quantidade de bebida e tamanho de comidas industrializadas vem aumentando nos últimos anos. Como exemplo, Barros citou o aumento dos mililitros dos refrigerantes e as porções das batatas fritas. Se até décadas passadas encontravam-se garrafas de até um litro, hoje em dia a medida dobrou. No caso das batatas, por uma diferença pequena de dinheiro é possível pegar uma porção maior.
“Antigamente, bebía-se água para acompanhar as refeições. Hoje, as gôndolas dos supermercados são colocadas de forma estratégica para atrair a atenção das crianças. Nos restaurantes, perto do caixa, diversas guloseimas são distribuídas como sobremesas. Se você come, após o almoço, uma paçoca de 100 gramas todo dia, você vai aumentar cinco quilos em um ano”, alertou Barros.
O aumento da ingestão calórica, a diminuição das atividades físicas em decorrência do medo da violência, o uso da televisão, a internet e os jogos eletrônicos com alternativa ao lazer são alguns dos fatores apontados pelo pediatra da FCM para o aumento do sobrepeso da população brasileira.
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