De segunda até essa sexta-feira (28), a comunidade médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp realiza treinamento em um simulador de cirurgia robótica. Ao todo, 60 profissionais médicos-docentes, médicos e médicos-residentes puderam conhecer e testar as vantagens do Sistema Robótico da Vinci®, utilizado em cirurgias urológicas, gerais, cardíacas e de cabeça e pescoço. Em todo Brasil, apenas 13 hospitais possuem a tecnologia. Trata-se do único sistema robótico comercialmente disponível no mundo todo para cirurgias minimamente invasivas.
Chefe do Departamento de Cirurgia da FCM, Claudio Saady Rodrigues Coy explica que na atualidade são três as formas de realizar uma cirurgia: pelo método convencional, por laparoscopia e por cirurgia robótica. Ele conta que embora a cirurgia robótica esteja disponível no mercado já há alguns anos, ela é pouco difundida em função do alto custo de investimento. Até mesmo os treinamentos são pouco acessíveis. “A FCM é um centro de formação e esse tipo de tecnologia de ponta tem que estar disponível”, disse.
Realizar procedimentos à distância e diminuir o custo das intervenções são promessas das inovações tecnológicas que preveem a utilização de robôs nos hospitais. Enquanto na atualidade até mesmo as cirurgias mais simples exigem a participação de dois ou três cirurgiões, um anestesista e muitos auxiliares na sala de operação, sistemas como o testado na Unicamp podem reduzir esse número quase que pela metade. A expectativa do fornecedor é a de que no futuro, as intervenções necessitem apenas de um cirurgião, um anestesista e dois auxiliares.
Outras vantagens da cirurgia robótica sob os procedimentos cirúrgicos convencionais estão o aumento da precisão e a redução do trauma. Se numa cirurgia comum de ponte de safena é necessário serrar e abrir o peito do paciente com uma incisão de mais de 30 centímetros, no procedimento realizado com a ajuda de sistemas robóticos são realizadas apenas três incisões, cada qual com cerca de um centímetro de diâmetro.
Ergonomia. Algumas cirurgias duram horas, deixam os cirurgiões exaustos, diminuindo seu rendimento. O uso do da Vinci® permite que o cirurgião possa realizar o procedimento sentado, realizando os comandos a partir de um console com imagens 3-D, e sete graus de liberdade de movimento das mãos e pulsos. Além disso, o robô filtra o tremor natural das mãos do médico, garantindo maior precisão nas intervenções.
A distribuidora oficial do Sistema Robótico da Vinci® no Brasil não revela o valor do investimento para aquisição do equipamento, mas sabe-se que ela é de alto custo. Entretanto, ao implicar menos complicações ao paciente, Coy explica a relação custo-benefício na aquisição da tecnologia. “Toda cirurgia é um trauma. Com essa técnica o paciente desencadeia menos reações inflamatórias, fica menos tempo na UTI e toma menos sangue, por exemplo. No final, não fica caro. Temos que ter massa crítica sobre esse procedimento e isso tem que partir daqui de dentro”, pontuou.