Médico-poeta vence concurso de poesia da OFF FLIP

O poema Discurso, do médico infectologista e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Paulo Roberto de Madureira, ficou em segundo lugar no Prêmio OFF FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) de Literatura, ocorrida no início de julho de 2012 na cidade de Paraty, RJ. No total, 1.200 trabalhos foram inscritos, entre poemas e contos. Os poemas foram avaliados por Antonio Carlos Secchin, Astrid Cabral e Chacal.

Esta não é a primeira vez que um trabalho do médico-poeta é premiado. Ele ganhou um prêmio em Ilha Bela, teve poemas publicados na revista Cult e no projeto poesia no ônibus, em Porto Alegre, com a poesia Biruta.

“Escrevo poemas curtos, ligados à dualidade das palavras, da ambivalência. Às vezes, eles vem prontos; outras, levam tempo para maturar. Deixo-os pindurados em casa e vou cortando as palavras até sentir que está pronto. É algo impactante do ponto de vista emocional”, explica Madureira.

Um dos exemplos é o poema pimenta, que começou longo e ficou curto. Madureira gosta de pimenta, que é vermelha, ardida e estimula os sentidos. Depois de meses trabalhando no texto, o poema final ficou assim: A pimenta fala pra língua. Sem a língua, a pimenta é muda.

A tradição literária na família é grande, segundo Madureira. O avô materno escrevia muito. Seu tio, por parte de pai, era um grande redator da Rede Globo, cujo pseudônimo era Marcos Cesar, e escrevia para o programa de humor do Chico Anísio. Seu irmão mais velho é tradutor de uma das mais importantes editoras brasileiras. “Escrevo desde adolescente, pela necessidade de autoconhecimento”, diz.

Na opinião de Madureira, apesar da poesia ser intimista, ela não é uma tradição no Brasil. Mesmo assim, há muita gente escrevendo. Em sala de aula, para os alunos, Madureira fala que o médico deve saber de arte, história, literatura e tudo aquilo que preocupa e contempla o ser humano. “Um médico, a rigor, deve ter uma erudição grande”, ensina Madureira.

Indagado para o que serve a poesia, ele diz: “Para nada e para tudo. É uma arte que te joga para dentro de si”.

Até o final do ano que vem, Madureira pretende lançar uma nova coletânea de poemas. Até agora, ele tem publicado pela editora Hucitec o livro Palavras Precisas.

Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp

Fotos: Paulo Madureira - Arquivo pessoal