O radiologista Livio Nanni bem que poderia ter escolhido ser fotógrafo. O médico e aluno da segunda turma de medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) andava mais com sua Olympus Pen à tiracolo do que com o estetoscópio pelos corredores da Santa Casa de Misericórdia de Campinas. Desde a primeira turma de medicina – 1963 – até os dias de hoje, Nanni registra a história da FCM. São mais de cinco mil fotos em seu acervo. Algumas dessas fotografias foram reunidas pelo médico-fotógrafo para a exposição “Acervo do Cotidiano da FCM”, aberta hoje (22) pela manhã no Espaço das Artes da FCM.
As primeiras fotos remetem ao início da faculdade e às primeiras turmas do curso de medicina na Santa Casa de Campinas. A Unicamp e o Hospital de Clínicas (HC) não ficaram de fora da compilação. Da metade da exposição em diante, o visitante vivenciará algo diferente – o enfoque é a pessoa, o paciente, o aluno, o professor, as pessoas que circulam pela faculdade e pela área da saúde. “Essa é a fase romântica de nossa escola”, disse Nanni.
O professor e médico João Luiz Carvalho Pinto e Silva, disse que o registro fotográfico sempre foi feito por Nanni que fotografava, revelava, distribuía e vendia as fotos para a turma. “Ele colocava as fotos em binóculos. Tínhamos nosso momento de fama, preferencialmente de branco”, revelou João Luiz, amigo de turma.
A diretora-associada da FCM, Rosa Inês da Costa Pereira, tem em sua lembrança a presença de Nanni em todos os eventos e festas da faculdade, inclusive em sua formatura. “Quando temos o registro fotográfico feito pelo artista que vivencia as experiências, isso tem um significado maior”, contou Rosa.
O gosto pela fotografia continua. Só que agora Nanni fotografa apenas aquilo que lhe dá vontade. Antes, era preciso pensar na foto, na pose, na luz, no enquadramento e esperar a revelação para ver se a foto tinha ficado boa. Tempos bons. Mas a tecnologia chegou, mesmo para os bons fotógrafos. Com a orientação de Isabela Senatore, fotógrafa profissional de Campinas, Nanni trocou a fotografia analógica pela digital.
“A técnica e a sensibilidade continuam. Somente todo meu laboratório virou, agora, apenas o meu computador”, confidenciou.
A exposição “Acervo do Cotidiano da FCM” faz parte das comemorações dos 50 anos da faculdade e fica até o dia 21 de junho, das 8h30 às 17h30, no Espaço das Artes da FCM, à rua Tessália Vieira de Camargo, 126, campus Unicamp, Campinas, SP. Acesso pela rua Albert Sabin. Entrada franca.
Texto: Edimilson Montalti – ARP-FCM/Unicamp
Fotos: Mario Moreira e Marcelo Oliveira – CADCC-FCM/Unicamp