A fonoaudióloga e coordenadora do curso de graduação em fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Maria Francisca Colella dos Santos, foi eleita tesoureira da Associação Brasileira de Audiologia (ABA) para o biênio 2011-2013. A Academia Brasileira de Audiologia é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, que foi fundada em novembro de 2001 por iniciativa de um grupo de pesquisadores de diferentes Universidades preocupados com o desenvolvimento da audiologia no Brasil. O objetivo da ABA é “congregar a comunidade científica voltada para a competência coletiva como garantia de interação, formação, pesquisa e políticas públicas, visando ao fortalecimento e democratização da área de audiologia".
Segundo Francisca, a ABA está estruturada segundo os princípios da máxima participação efetiva e da maior representatividade dos membros, por regiões e Estados, nos órgãos de coordenação em nível local, regional, nacional e internacional. Por isso, como membro da sexta diretoria da associação, seu trabalho junto à ABA não se resume a contas, dados e números. Neste mês, Francisca estará no Conselho Federal de Fonoaudiologia, em Brasília, representando a ABA na regulamentação da triagem auditiva neonatal.
No Brasil, o Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que os recém-nascidos sejam avaliados antes da alta da maternidade e, para os nascidos fora do hospital, a avaliação deverá ser feita, no máximo, até três meses de idade, e a intervenção deve ser iniciada até os seis meses. Além disso, órgãos governamentais têm-se posicionados, reconhecendo a necessidade de maior atenção ao assunto. Em Campinas, a Lei nº 10.759 de 28 de dezembro de 2000 dispõe sobre a obrigatoriedade da realização de exames que detectem a surdez ou alterações correlatas nas maternidades e estabelecimentos hospitalares congêneres do município.
O Centro de Estudos e Pesquisa em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel Porto (Cepre), adota um programa de Triagem Auditiva Neonatal nos recém-nascidos que necessitaram de internação na UTI Neonatal. O método de avaliação utilizado é o Peate-A, realizado antes da alta hospitalar ou, no máximo, durante o primeiro mês após a alta. Os recém-nascidos que passam e não apresentam nenhum indicador para perda auditiva progressiva e/ou tardia são dispensados, enquanto que os que apresentam indicadores de risco para perda auditiva progressiva e/ou de aparecimento tardio são encaminhados para monitoramento do desenvolvimento auditivo e de linguagem no próprio Cepre.
“A audição é o meio pelo qual o recém-nascido entra em contato com o mundo sonoro e com as estruturas da língua. As manifestações iniciais da perda auditiva são muito sutis e a triagem auditiva neonatal é a forma mais eficaz de detecção precoce. O diagnóstico precoce e a intervenção imediata são fatores decisivos na evolução e prognóstico dessas crianças. Apesar de aprovada, a Lei da obrigatoriedade da triagem auditiva neonatal não foi regulamentada. Vamos à Brasília lutar por isso”, disse Francisca.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP
Foto: Péricles Lima - CADCC-FCM/UNICAMP