FCM promove curso inédito de sequenciamento de RNA e DNA

De 7 a 10 de abril acontece na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp o curso “Advanced RNA-Seq and ChIP-Seq Data Course”. O curso será ministrado em inglês por instrutores do Instituto Europeu de Bioinformática de Hixton (UK) e por Benilton Sá de Carvalho, bioestatístico formado pela Unicamp e pesquisador pós-doc do Laboratório de Bioinformática do Departamento de Genética Médica da FCM. Este será o primeiro de cinco cursos realizados no Brasil.

Durante o curso serão abordadas as metodologias mais avançadas de análise de dados geradas por equipamentos de última geração para sequenciamento de RNA e DNA. O curso é destinado a doutorandos em nível avançado, pós-doutorandos e outros pesquisadores que utilizam ou planejam utilizar técnicas de sequenciamento de alto rendimento e metodologias de bioinformática em suas pesquisas. Para o curso, serão selecionados 32 participantes. As inscrições podem ser feitas em http://tiny.cc/rnaseqcampinas.

De acordo com a médica geneticista e pesquisadora Íscia Lopes-Cendes, chefe do Departamento de Genética Médica, a genética molecular está cada vez mais dependente da bioinformática e sem ela os pesquisadores não fazem quase nada. “Dominar as análises, algorítimos e outros oferecidos pela bioinformática é hoje essencial para qualquer pesquisador na área de DNA. Infelizmente, no Brasil ainda são poucos que dominam esse conhecimento e, portanto, a oportunidade de um curso como esse é excepcional”, disse.

Antes do curso, Benilton concedeu entrevista e falou sobre sequenciamento genético, microRNAs e outros temas de interesse científico que podem ajudar no tratamento de doenças como Parkinson e Alzheimer.

Como o sequenciamento genético ajuda nas pesquisas?

O sequenciamento genético provê ao pesquisador perspectivas alternativas para as análises de interesse. Na Genética Médica, tecnologias de sequenciamento auxiliam na caracterização e diagnóstico de transtornos genéticos. Hoje, há muitos esforços em prol do desenvolvimento da medicina personalizada, da qual o sequenciamento genético é peça vital.

 Hoje, estudos de microRNAs apontam novas descobertas na área da genética. O que podemos esperar no futuro desses estudos para doenças como Parkinson, Alzheimer e outras doenças?

MicroRNAs são pequenos fragmentos de RNA que podem se ligar a RNAs codificantes de proteínas e impedir que tais proteínas sejam produzidas. Por conta disso, tornam-se alvos interessantes para desenvolvimento de medicamentos. Pela combinação desta característica regulatória com técnicas de sequenciamento, espera-se que, no futuro, tenhamos testes para diagnósticos e também medicamentos que utilizarão microRNAs como princípio básico de funcionamento.

Por que resolveu trazer o curso para o Brasil?

O Brasil tem um grande potencial científico. Isso não se restringe a recursos materiais, mas também compreende recursos pessoais. Entre os treinamentos que dei no exterior, pude observar grandes esforços pontuais de pesquisadores brasileiros na tentativa de manterem-se atualizados com as técnicas analíticas mais recentes. Trazer estes treinamentos para o Brasil cobre três objetivos primários: permitir que nossos pesquisadores interajam de forma mais coesa, facilitando colaborações nacionais; oferecer treinamentos de qualidade internacional para a comunidade científica brasileira; e estimular a colaboração com pesquisadores e instituições de renome internacional.

Além de Campinas, onde mais será ministrado o curso?

Esta iniciativa é composta por cinco cursos correlatos. O curso a ser realizado em Campinas é o primeiro desta série. Realizaremos outros em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e retornaremos a Campinas.