Docentes e funcionários da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp aposentados no período de agosto de 2013 a março de 2014 foram homenageados pela Diretoria da Faculdade na última sexta-feira (16), como parte integrante do projeto “Memórias da FCM”, iniciado em 2011. Durante a cerimônia, a diretoria da FCM também fez uma homenagem póstuma ao sanitarista Luiz Jacintho da Silva, falecido em 2013.
A cerimônia teve a participação do Professor Emérito da Unicamp, Luiz Sergio Leonardi, dos líderes religiosos do Hospital de Clínicas (HC), João Silvio Rocha e Noberto Tortorello Bonfim, e dos músicos, Denis Quadratti Sartorato, Esdras Rodrigues Silva, diretor do Instituto de Artes, Roberto Teixeira Mendes e Paulo Dalgalarrondo, respectivamente, chefe do Departamento de Pediatria e docente do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria, da FCM.
Durante a cerimônia, um vídeo com trechos dos depoimentos dos docentes e funcionários contando suas trajetórias na FCM foi apresentado aos amigos, parentes, alunos, funcionários, médicos-residentes, chefes de departamento e autoridades presentes. Também foi apresentado um vídeo com depoimentos sobre o legado de Luiz Jacintho da Silva.
O projeto “Memórias da FCM” é uma iniciativa da Diretoria da FCM, juntamente com as áreas de Assessoria de Relações Públicas, Comissão de Apoio Didático, Científico e Computacional, Centro de Memória e Arquivos da FCM e Recursos Humanos. Seu objetivo é a valorização profissional e o resgate da história oral de docentes e funcionários. Nos meses que antecedem a cerimônia de homenagem, são realizados vídeos depoimentos com todos os colaboradores aposentados no último ano, e o material é encaminhado para catalogação no Centro de Memória da FCM.
Na ocasião, foram homenageados os professores Reynaldo Quagliato Júnior, Carlos Alberto Mantovani Guerreiro, Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, Aparecida Mari Iguti, Viviane Herrmann Rodrigues, Fátima Aparecida Bottcher Luiz, Maria Salete Costa Gurgel e Valdir Balarin Silva; e os funcionários Anastácia Santa Rosa, Maria Lucia Aoki, Vera Maria Barbosa, Teresinha Vieira Araújo de Pádua Chiodetto, Gildo Bernardo Leite e Claudines Regina Joaquim Callegari.
De acordo com a diretora associada da FCM, Rosa Inês da Costa Pereira, o projeto “Memórias FCM” nasceu da necessidade de reconhecer os esforços empreendidos pelos docentes e funcionários, ao longo da carreira, para a construção da faculdade. “Todos aqui estiveram presentes na alegria, na tristeza e nas adversidades. Mesmo quando tivemos alguns obstáculos a vencer, conseguimos sentir a dedicação de todos”, disse.
Para o diretor da FCM, Mario José Abdalla Saad, a homenagem aos aposentados não se trata de uma cerimônia de despedida, mas sim, de ‘muito obrigado’ àqueles que contribuíram para tornar a FCM uma das mais importantes escolas médicas do Brasil e do mundo. “Longe de ser uma despedida, temos observado a longevidade prolongar-se cada vez mais”, disse.
Saad disse também ter se surpreendido ao saber que nos Estados Unidos não se pode mais aposentar as pessoas por idade. Ele contou que os professores universitários daquele País ganharam na justiça o direito de continuar a exercer a profissão acima dos 70 anos, se assim desejarem. “Acho uma atitude saudável. Na Universidade, principalmente, o conhecimento e a formação humanista são essenciais, mas, também, a experiência e o exemplo são muito importantes. Para formar médicos e outros profissionais, como formamos aqui na Unicamp, experiência e exemplo são fundamentais”.
De acordo com o diretor, a FCM já conta com a contribuição de professores colaborando nas atividades de ensino e pesquisa mesmo depois de aposentados. Todavia, essa é uma ação que acontece de forma voluntária mas que, no futuro, a faculdade tem expectativas de institucionalizar profissionalmente essa contribuição. “Com a criação da Fundação da Área da Saúde, espero que possamos tornar essa contribuição profissional, com a assinatura de novos contratos. Volto a insistir que a contribuição de pessoas experientes, principalmente na área médica, é fundamental, e não podemos desprezar. As instituições são construídas por pessoas”.
Luiz Jacintho da Silva
Em dezembro de 2013, a FCM perdeu uma de suas figuras mais expressivas, o médico sanitarista Luiz Jacintho Silva. “O professor” como era carinhosamente conhecido entre os médicos residentes da FCM, ocupou diversos cargos em sua carreira, na Unicamp, onde atuou como superintendente do HC (1994-1997), e na administração de diversos órgãos públicos, onde contribuiu de forma significativa na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Tendo se consolidado como pesquisador de renome internacional, seu último posto foi o de diretor do Dengue Vaccine Initiative (DVI), junto ao International Vaccine Institute, em Seul, na Coreia do Sul. Após o seu falecimento, o pesquisador teve seu retrato afixado na galeria de Honra dos Sanitaristas do Ministério da Saúde, ao lado de nomes como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e Sérgio Arouca.
“Ele foi uma pessoa emblemática para a nossa disciplina, uma pessoa de conhecimento invejável em áreas da literatura, geografia, cinema, história geral e da medicina, medicina geral e infectologia”, disse Raquel Silveira Bello Stucchi, docente do Departamento de Clínica Médica da FCM, infectologista e ex-aluno de Luiz Jacintho.
“Essa é uma justa homenagem ao nosso colega de Departamento, pelo qual tínhamos um apresso muito grande. Na FCM começávamos a ver o Luiz Jacintho ser reconhecido no plano nacional, e ainda não tínhamos dedicado essa homenagem a ele. Ele foi uma pessoa muito importante para a faculdade, tanto para o Departamento de Saúde Coletiva, quanto para o Departamento de Clínica Médica”, disse Saad, dirigindo-se aos familiares do professor, presentes na homenagem.