Familiares, amigos, autoridades, docentes e funcionários compareceram à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp na tarde de sexta-feira (15) para participarem do colóquio e abertura do exposição do médico geneticista Bernardo Beiguelman, pioneiro na pesquisa e no ensino da genética médica no Brasil e na América Latina. A data do evento celebra também o aniversário do fundador do Departamento de Genética Médica da FCM e primeiro pró-reitor da Unicamp.
O pró-reitor de Graduação da FCM Luis Alberto Magna foi aluno graduação e de iniciação científica de Beiguelman e revelou que era impossível não estar rindo ao alegre quando ele [Beiguleman] estava presente. “Ele era brincalham e arguto e gostava de ditados. Uma de suas máximas era: ‘se você quer conhecer uma pessoa, terá que comer um saco de sal junto’. Sempre considerei-o como um segundo pai. Devo a ele toda a minha formação profissional, ética e moral”, disse Magna.
Tanto o diretor associado da FCM Roberto Teixeira Mendes quando o diretor da faculdade, Ivan Felizardo Contrera Toro foram também alunos de Beiguelman. Teixeira lembrou que Beiguelman deixou não apenas uma herança genética, mas “ideais humanos que devem ser compartilhados”. Ivan Toro disse que mesmo aposentado, Beiguelman continuou cooperando com a FCM durante vários anos.
“Ele foi um dos responsáveis pela faculdade ter se transformado na ótima escola médica que hoje é. Nosso dever é preservar a sua história, que foi facilitada pela generosa oferta da família, que entregou ao Centro de Memória da FCM o tesouro acadêmico da sua vida de docente”, disse Toro.
A chefe do Departamento de Genética Médica da FCM Vera Lucia Lopes Gil disse que o acervo intelectual do professor Bernardo Beiguelman transcende à existência do Departamento, e vai ficar disponível para pesquisa de futuras gerações. “O que ele deixou na forma de pensar, nos escritos, nos livros que publicou refletem seu perfil educador”, disse Vera.
Após seu falecimento, em 2010, o Departamento de Genética da FCM mostrou interesse na criação de um fundo documental com o seu acervo. Após manifestação positiva por parte da família foi aprovada a criação do acervo junto ao Centro de Memória e Arquivo da FCM.
De acordo com Emilton Barbosa de Oliveira, responsável pelo Centro de Memória da FCM e anfitrião do evento, o processo de avaliação, transferência e custódia de acervos é sempre moroso e desalentador, mas no caso do acervo do professor Bernardo Beiguelman, isto não aconteceu.
“Podemos considerar o acervo de Beiguelman como o mais completo e organizado que recebemos, pois ele foi estruturado pelo próprio professor, que possibilitou a sua dinamicidade”, revelou.
A história da criação do acervo Bernardo Beiguelman foi contada pela historiadora do Centro de Memória da FCM Rafaela Basso durante o evento. Ela revelou que ao longo de sua vida, Bernardo Beiguelman acumulou um acervo documental pessoal e bibliográfico impressionante. Entre livros, nada menos que 750 volumes nas áreas de genética médica, literatura brasileira e estrangeira, cultura judaica, enciclopédias culturais, entre outros. Já o acervo arquivístico reúne documentos pessoais e administrativos, produzidos e acumulados pelo titular durante o exercício de suas atividades. Referem-se ao período compreendido entre as décadas de 1960 e 2000.
“Álbuns de fotografia, comprovantes curriculares, recortes de jornais sobre o titular, homenagens recebidas como professor e cientista, slides utilizados em aula, lâminas de microscopias, relatórios e trabalhos apresentados em congressos, separatas de publicação do titular, livros e teses de publicação do titular, artigos de terceiros, pareceres e assessoria à pesquisa e correspondências compõe esse conjunto documental que possui, aproximadamente 30 metros lineares, fazendo parte do acervo preservado no Centro de Memória da FCM que, em breve, está disponível para a consulta pública”, revelou Rafaela.
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