Psicólogos, educadores, pesquisadores, pais e público em geral se reuniram na manhã dessa quarta-feira (11) no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp para falarem sobre a despatologização da vida. Esse é o quarto encontro organizado pelo Conselho Regional de Psicologia - Subsede de Campinas, Departamento de Pediatria da Unicamp, Grupo de Trabalho pela Despatologização da Vida e Rede Municipal da Criança e Adolescente de Campinas.
O termo despatologização da vida pode parecer estranho ou incomum. A pediatra Maria Aparecida Moysés ilustra isso com o exemplo do luto. Segundo, Moysés, de acordo com a Academia Norte-Americana de Psiquiatria, o luto se restringe a 15 dias. Se depois disso alguém continua chorando pela perda de um ente querido, ele está em depressão e precisa ser medicado.
“Problemas decorrentes de uma sociedade desigual são transformadas em doenças individuais. Isso é patologização da vida”, explica.
A pedagoga e professora aposentada da Faculdade de Educação da Unicamp Cecília Azevedo Lima Colares disse que as crianças também passam por esse processo de medicalização e patologização. Segundo Colares, as crianças de hoje tem uma percepção de vida diferente da geração de 50 anos atrás. E isso cria muitos problemas.
“A gente vê nas escolas públicas e particulares uma quantidade absurda de crianças sendo medicadas ou porque não aprendem, ou porque são muito agitadas. Isto são manifestações naturais da criança. Ela está reagindo contra a forma de educação que recebe”, disse.
A estratégia usada para combater isso, de acordo com Rosangela de Fátima Villar, coordenadora do Serviço de Atenção e Dificuldades de Aprendizagem (SADA) da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, é constituir redes de apoio intersetoriais e envolver pais, professores, psicólogos e outros profissionais da saúde na queixa da criança.
“A doença não é responsabilidade da criança. A doença é socialmente construída”, disse a psicóloga do SADA.
“A construção de políticas públicas a partir do Legislativo podem combater a patologização da vida. Esse encontro serve para discutir propostas para isso”, disse o vereador Pedro Tourinho.