Cuidadores informais também necessitam de cuidados

Começou nesta terça-feira (5) e vai até amanhã (6), no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o XIV Seminário de Cuidadores Informais na Assistência Domiciliar. Durante dois dias, especialistas nas áreas de oncologia, neurologia e ortopedia fazem palestras, conferências e oficinas para dar apoio às pessoas que cuidam em casa de familiares que tiveram um derrame, fratura ou doença mais grave.

“A ideia é criar um ambiente de sala de estar onde os participantes podem perguntar e trocar experiências. Além disso, teremos palestras formais sobre como o cuidador deve cuidar de sua própria saúde, ter um momento de lazer para quebrar a rotina pesada que é cuidar de alguém por tanto tempo e tantos dias”, disse o médico Jamiro Wanderley, coordenador do seminário.

Benício Latorre sabe muito bem o que é isso. Sua esposa foi diagnosticada com mal de Alzheimer há seis anos e, desde então, ele cuida da esposa. No começo, ele disse que foi assustador e angustiante. Com o tempo, foi buscar apoio na Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) para superar as dificuldades. A procura por novos horizontes o fez se inscrever para participar do Seminário.

Já Valdicléia Maria Pereira Pereti, técnica de enfermagem, saiu da cidade de Fartura, divisa com o Paraná, em busca de um sonho. Antes, porém, ela disse que falta cuidadores em sua cidade. Muitas vezes, o papel de cuidador é exercício pela empregada doméstica que cuida da casa e do idoso. “Eu quero e vou montar uma agência de cuidadores para idosos. Vim para a Unicamp em busca do que é necessário para isso”, disse Vladicléia.

A primeira palestra da manhã foi “Cuidar de quem cuida”. O palestrante foi o professor do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da FCM, Egberto Ribeiro Turato. Mais do que em livros, segundo Turato, as experiências e relatos de vida em acolher e cuidar se constituem em ferramentas de grande utilidade. Isto vale para o cuidador profissional ou o informal, que tem alguém acamado em casa.

“No fundo, está em jogo uma atitude de debruçar-se sobre a angústia humana. Quem cuida, também tem estresse ou problemas de saúde mas, naquele momento, é a pessoa em melhor condição para lidar com o outro”, disse Turato.

O XIV Seminário de Cuidadores Informais na Assistência Domiciliar é organizado pelo Serviço Social do Hospital de Clínicas (HC) e Departamento de Clínica Médica da FCM.

Texto e foto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp