Com o colóquio "A Psicocopatologia e a Questão do Sujeito" ocorrido na manhã desta quinta-feira (2) no Salão Nobre da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o Laboratório de Psicopatologia: Sujeito e Singularidade (LaPSuS), ligado ao Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM da Unicamp, passa a funcionar oficialmente. A abertura foi conduzida pelo psicanalista Mario Eduardo Costa Pereira e contou com a presença da chefe do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM, Eloisa Helena Rubello Valler Celeri e da diretora-associada da faculdade, Rosa Inês Costa Pereira.
De acordo com Mario Eduardo, a sigla LaPSuS não foi escolhida por acaso. Ela foi extraída do lapso freudiano que revela em um átimo de segundo algo escondido que determina ao sujeito escolhas e estados emocionais, sem que a razão consciente participe em nenhum momento desse processo. “O lapso coloca em evidência que o indivíduo não existe e que somos divididos. O eu pensante não é o senhor de sua própria morada. O lapso é uma psicopatologia na vida de cada um”, explicou.
Ainda segundo o psicanalista da FCM da Unicamp, dentro de alguns dias será lançado nos Estados Unidos a quinta edição do manual de diagnóstico de doenças mentais, num momento em que a clínica na prática das doenças mentais são cada vez mais orientadas pelo diagnóstico padronizado e pela generalidade da intervenção técnica. “Que noções de sujeito estão subjacentes ao diagnóstico contemporâneo? A questão do sujeito ultrapassa a área psicanalítica e merece um debate aprofundado das diferentes abordagens dessa noção. Essa é proposta do LaPSuS que já é unidade viva e em movimento”, disse Mario Eduardo.
A diretora-associada da FCM disse que é um papel da faculdade reforçar e garantir iniciativas que promovam o debate e análise de diferentes pontos de vista. Segundo Rosa Inês, é inegável a contribuição que a metodologia científica e as evidências bem elaboradas fornecem na abordagem de problemas clínicos, mentais e de outros tipos, mas a sua aplicabilidade adequada depende de diversas análises.
“Se não houver uma análise individual, pormenorizada do indivíduo e do meio em que ele está inserido, todas as conclusões, por mais generalizadas que possam ser, podem resultar em uma situação danosa”, poderou.
O colóquio continua até sexta-feira (3) na FCM. Dentre os especialistas convidados estão Jurandir Freire Costa, Rafaela Zorzanelli e Benilton Bezerra Jr. (UERJ); Mario Eduardo Costa Pereira, Claudio Banzato, Paulo Dalgalarrondo, Gastão Wagner Campos e Rosana Onocko Campos (Unicamp); Jean-Michel Vivès (Université de Nice); Raul Gorayeb (Unifesp); Christian Ingo Dunker (USP); Marco Antônio Coutinho Jorge (Corpo Freudiano – RJ); Nelson da Silva Jr (USP); Mauro Mendes Dias (Escola de Psicanálise de Campinas) e Octavio Serpa Jr., Erotildes M. Leal e Ana Cristina Figueiredo (UFRJ).
As conferências podem ser assistidas em www.fcm.unicamp.br/videoconferencia.
EXPOSIÇÃO
No decorrer do desenvolvimento do colóquio “A Psicocopatologia e a Questão do Sujeito” surgiu a ideia de montar-se um mural de fotos. Na ocasião, o fotógrafo Marcelo Oliveira, funcionário do Centro de Apoio Didático Científico e Computacional (CADCC) da FCM produzia o ensaio fotográfico “Cantos do Campus”. A organização do colóquio percebeu que algumas fotos deste ensaio poderiam ser agrupadas para compor um mural decorativo. Sendo assim, um mural com 36 fotos medindo 20x20 cm dispostas numa área de 300x60 cm foi colocado no acesso ao Salão Nobre da FCM. “As imagens representam sujeitos diversos sob diferentes olhares captados pela lente de um celular no espaço físico do campus da Unicamp”, explicou Marcelo.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp
Fotos: Marcelo Oliveira e Mario Silva - CADCC-FCM/Unicamp