As estudantes Jéssica Ortiz do Carmo e Ludmila Vernille Tartari, de 15 e 17 anos, já definiram quais caminhos desejam trilhar na carreira profissional. Jéssica deseja cursar psicologia para melhor compreender os pensamentos, emoções e transtornos do ser humano. Ludmila quer ingressar na medicina por identificar-se com a rotina de corrida dos hospitais e por gostar da anatomia do corpo humano. Elas e mais 43 estudantes do programa Ciência & Arte nas Férias (CAF) estão distribuídos em 15 laboratórios de pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Alunas das escolas estaduais Prof. José Vilagelim Neto e Prof. Celso Henrique Tozzi, de Campinas e Jaguariúna, elas aproveitam o período de férias escolares para apreender mais sobre biologia molecular. As aulas práticas e teóricas acontecem no Laboratório de Diagnóstico de Doenças Infecciosas por Técnicas de Biologia Molecular (LDDITBM), da FCM da Unicamp, coordenado pela infectologista Sandra Cecília Botelho Costa. O projeto intitulado “Técnicas da biologia molecular aplicadas na investigação de patologias humanas” é supervisionado pelo hematologista e ex-reitor da Unicamp, Fernando Ferreira Costa.
Para Jéssica e Ludmila, a motivação em participar da programação do CAF veio da escola, tendo sido sugerida pelos seus professores. “A coordenadora da minha escola falou sobre esse projeto da Unicamp e disse que a experiência poderia ser interessante, pois me ajudaria a decidir qual faculdade seguir no futuro”, lembra Jéssica. Ludmila conta que a curiosidade sobre a Unicamp foi um incentivo a mais para participar do programa. “A gente sempre ouviu falar da Unicamp. Nem imagina vir para cá, mas quando surgiu a oportunidade, decidi conhecer”.
Mais do que a compreensão da teoria e das técnicas de laboratório, as estudantes destacam experiências que podem escapar aos olhos de quem está tão envolvido no dia a dia das pesquisas. “Aqui é legal, as pessoas trabalham com bom humor e o ambiente é bem tranquilo”, comenta Jéssica. Ludmila fala da diferença entre os laboratórios da escola e da universidade. “O laboratório da minha escola tem bons equipamentos e vidrarias e fazemos alguns experimentos bem interessantes lá, mas nada comparado ao laboratório daqui”. As observações vão além e Jéssica diz com propriedade sobre o que as duas aprenderam nas últimas semanas. “Estudamos as células e seus componentes, as bactérias, os vírus e protozoários e sobre como extrair o DNA com a técnica PCR”, explica.
A bióloga do LDDITBM, Mariane Barroso, especialista em doença de chagas, atesta a explicação dada pela aluna. “Aqui no laboratório cada pesquisador trabalha dentro de um tema, então dentro do mesmo projeto tentamos explorar a área de cada um. Assim, as meninas não ficam focadas apenas na extração de DNA pela técnica Polymerase Chain Reaction (PCR), onde ocorre a multiplicação de um trecho do DNA in vitro, mas também compreendem as diferentes aplicações da biologia molecular”.
Até o dia 31 de janeiro, quando deverão apresentar um pôster com o resultado para a extração do gene humano beta-globina, Jéssica e Ludmila terão a oportunidade de interagir também, com os pós-graduandos Camila Aguiar, especialista em doença de chagas, Tycha Bianca, que estuda as bactérias causadoras da sepse e Renata Peres, que investiga o vírus CMV e os transplantados em medula óssea. Também acompanham as atividades o químico Rodrigo Lima, a bióloga Juliana Ferreira e a biomédica Josiele Franco.
Coordenam os projetos na FCM os professores e pesquisadores: Fábio Bucaretchi, Lício Augusto Velloso, José Antonio Rocha Gontijo, Celia Regina Garlipp, Laura Sterian Ward, Patrícia Moriel, Ivani Rodrigues Silva, Simone Appenzeller, Carlos Emílio Levy, Nelci Fenalti Hoehr, Maria Elisabete Rodrigues F. Gasparetto, Cláudio Lucio Rossi, Paulo Cesar Pires Rosa, Silvia de Barros Mazon, Maria Marluce dos Santos Vilela, Príscila Gava Mazzola e Eduardo Mello de Capitani.