O Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação (Cepre) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp comemora 40 anos. Fundado em 1973 pelo médico otorrinolaringologista Gabriel Porto, o Cepre se estruturou a partir dos atendimentos nas áreas da deficiência visual e da surdez. Pacientes de todos os Estados do Brasil foram acolhidos nesses 40 anos de assistência, ensino e pesquisa. O número é suficiente para encher vários auditórios com capacidade para 300 pessoas, como o da FCM que, na manhã desta terça-feira (28), reuniu professores, funcionários, alunos e convidados para celebrar essa data.
“A primeira professora foi Terezinha Von Zubem. Os atendimentos eram realizados no centro de Campinas, no prédio das Cruzadas das Senhoras Católicas, um orfanato de meninas cegas. Até 1985, o Cepre funcionava como centro de reabilitação e ensino e era conhecido como Centro de Reabilitação Gabriel Porto ou, simplesmente, Gabriel Porto”, disse Ivani Rodrigues Silva, coordenadora do Cepre.
De acordo com a professora Cecília Guarnieri Batista, coordenadora do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação, há 20 anos o desafio era consolidar o Cepre como centro de pesquisa. Há 30 anos – após a criação o curso de Fonoaudiologia – sonho era consolidar o curso. Agora aos 40, o objetivo é consolidar a pós-graduação e as novas estruturas administrativas.
“Temos uma missão de respeito às diferenças e diversidades, principalmente para com as pessoas menos favorecidas. Soubemos articular ensino, pesquisa e assistência e apresentar as ideais divergentes da melhor forma possível. Por isso crescemos”, disse Cecília.
Para celebrar seu aniversário, o Cepre preparou o simpósio “Políticas públicas de inclusão das diferenças: perspectivas atuais”, com a participação de Wilma Favorito, diretora do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES); Emanuelle Garrido Alkmin Leão, secretária municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de Campinas e Fabiana Bonilha, do Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), vinculado ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer.
“Bertolt Brecht dizia que a única finalidade da ciência está em aliviar a miséria e o sofrimento humano. Se nesses 40 anos fomos capazes, de alguma forma, de minimizar dificuldades, aliviar sofrimentos e buscar alternativas para melhorar a vida daqueles que nos procuram, podemos festejar”, disse Maria de Fátima Fransozo, coordenadora do curso de mestrado “Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação”.
E no clima de festa, as ex-coordenadoras do Cepre foram homenageadas por suas gestões. São elas: Maria Cecília Marconi Pinheiro Lima (de 1993 a 1995 e de 1997 a 1999); Cecília Guarnieri Batista (de 1995 a 1997 e de 2001 a 2003); Maria de Fátima de Campos Françozo (de 1999 a 2001); Heloisa Gagheggi Ravanini Gardon Gagliardo (de 2003 a 2005); Rita de Cássia Ietto Montilha (de 2005 a 2007); Zilda Maria Gesueli Oliveira da Paz (de 2007 a 2009); Lucia Helena Reily (de 2009 a 2011) e Ivani Rodrigues Silva (de 2011 a 2013).
Sobre o Cepre:
O Cepre foi criado em 1973 pelo médico otorrinolaringologista Gabriel O. S. Porto, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Desde o início, o Centro – que era conhecido como “Centro de Reabilitação Gabriel Porto” atuou no atendimento de pessoas com deficiência visual (baixa visão e cegueira) e deficiência auditiva.
Naquela época, os profissionais contratados foram capacitados para o atendimento a pessoas cegas ou surdas em cursos de especialização especialmente organizados para essa equipe, de modo a capacitá-la a atuar em Atividades da Vida Diária, Orientação e Mobilidade e Uso de Recursos Especiais para Leitura e Escrita (deficiência visual) e Habilitação e Educação (deficiência auditiva).
Esse Centro foi instalado no prédio da Cruzada das Senhoras Católicas, à rua Dr. Quirino, no centro de Campinas. Naquela época, no mesmo prédio, e em suas imediações, funcionavam outros Departamentos da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), instalada inicialmente no prédio inacabado da Maternidade de Campinas e, posteriormente, na Santa Casa de Campinas.
Ao longo dos anos, as equipes multiprofissionais do Centro Gabriel Porto foram ampliadas com a contratação de pessoal nas áreas de: Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Linguística, Pedagogia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Em 1991, tendo em vista a ampliação das atividades de ensino e pesquisa dos profissionais do Cepre, este teve seu regimento aprovado e passou a ser designado como “Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel Oliveira da Silva Porto” - Cepre.
Foi intensificada a oferta de cursos de formação na área da deficiência visual e surdez, em nível de extensão e especialização e nesses 40 anos o CEPRE teve participação intensa na formação de pessoas, no atendimento à comunidade, tendo se dedicado, também, nos últimos 10 anos na formação de alunos de graduação e mais recentemente ainda, na formação de alunos de pós-graduação.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp
Fotos: Rafael Marques da Silva - CADCC-FCM/Unicamp