Bullying, trote e mudanças no ensino médico serão discutidos durante encontro regional da ABEM, em fevereiro

No dia 22 de fevereiro, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp será sede do Encontro Regional da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM). Com o tema “Saúde mental do estudante e residente, assédio e violência na escola médica”, a reunião é destinada a docentes, estudantes e residentes da área médica. Dentre os temas abordados estão o bullying, o trote e o vampirismo que podem acontecer nas escolas médicas e universidades como um todo. O evento acontecerá no período das 8:30 às 17 horas, no Anfiteatro 1 e Sala de Aula 2 da FCM. Veja inscrições e programação prévia aqui.

A programação também contará com divulgação dos resultados preliminares do projeto Vida do Estudante e Residente na Área da Saúde (Veras) e com a Reunião Ordinária da ABEM, quando será repassado o andamento das discussões e resoluções pertinentes à formação médica no país, entre as quais, as mudanças das Diretrizes Curriculares Nacionais para a medicina e os reflexos do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) e do programa Mais Médicos nos cursos de graduação e de residência médica.

FCM na vanguarda da Educação Médica

Em outubro do ano passado, durante o 51º Congresso Brasileiro de Educação Médica que aconteceu em Recife (PE), a obstetra Eliana Martorano Amaral, a pediatra Angélica Maria Bicudo e o clínico geral Sigisfredo Luís Brenelli, docentes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp foram reconhecidos pela ABEM com o Prêmio Mérito Educacional. Os três receberam a moeda institucional de 50 anos da entidade por contribuírem pelo avanço da educação médica no País.

Sigisfredo Luís Brenelli, que atualmente também faz parte da diretoria da ABEM, foi um dos principais líderes da reforma curricular da FCM iniciada em 1998. Também foi assessor da pró-reitoria de graduação da Unicamp de 2005 a 2009 e diretor do Departamento de Gestão da Educação da Saúde (DEGES), da Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde de 2011 a 2012.

Angélica Maria Bicudo conduziu na FCM a implantação do Núcleo de Avaliação e Pesquisa em Ensino Médico (Napem) e, atualmente, coordena o Núcleo Interinstitucional de Estudos e Práticas de Avaliação em Educação (Niepaem), órgão que reúne nove escolas médicas do estado de São Paulo e realiza o Teste de Progresso, desde 2005. A pesquisadora também teve posição de liderança durante a reforma curricular da FCM, quando ocupou, pela primeira vez, a coordenação do curso de graduação em Medicina.

Atualmente, Angélica está em Brasília, coordenando a implantação do Teste do Progresso em núcleos interinstitucionais no Brasil. “Este ano conseguimos formar oito núcleos totalizando 12 com 73 escolas médicas envolvidas, participando. Dias 30 e 31 de janeiro agora faremos uma oficina nacional dos núcleos em Fortaleza com representação de todas as regionais da ABEM do Brasil”, disse a pesquisadora.

Eliana Martorano Amaral também participou ativamente do processo de reforma curricular da FCM. Desde 2007, é co-diretora do Programa de Desenvolvimento Docente Faimer Brasil, membro do Comitê Assessor em DST, do Ministério da Saúde, e consultora do Programa da Mulher, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Foi diretora da Divisão de Obstetrícia do Hospital da Mulher “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti”, de 2003 a 2011, e assessora da Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp, de 2011 a 2013.

Dentre as contribuições da FCM para o avanço da educação médica brasileira, Eliana destacou a criação da pós-graduação em Ensino na Saúde, conduzida por ela e Angélica, em 2010, por intermédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com a SGTES do Ministério da Saúde. O curso pertence à área de concentração da pós-graduação da Clínica Médica e já conta com 20 alunos, sendo a maioria, professores de outras instituições de diversas partes do Brasil.

De acordo com Eliana, a iniciativa coloca a FCM mais uma vez em posição de destaque, sendo cada vez mais reconhecida a contribuição teórica e prática da instituição no campo do ensino. “O próprio corpo docente tem sido estimulado a enxergar o ensino como uma área acadêmico-científica e não apenas empírica”, disse. Prova disso, foi grande representatividade de professores e alunos da casa em dois importantes encontros realizados em 2013: o seminário Pró-Ensino, que aconteceu na FCM, e o Congresso da Associação Europeia de Educação Médica, realizado em Praga (República Checa).

Segundo Brenelli, que atualmente responde pela secretaria executiva da ABEM, por intermédio da FCM, a Unicamp tem papel importante no avanço do ensino médico. Ele destaca que além do Teste de Progresso, coordenado por Angélica, a ABEM conta também com o professor Gustavo Fraga, do Departamento de Cirurgia da FCM, nas questões ligadas ao Ensino de Urgência e Emergência. “A Unicamp tem grande relevância dentro da associação, numa época em que se discute a abertura indiscriminada de faculdades de medicina e a necessidade de formar o profissional que a comunidade e o SUS precisam”, disse.