Residentes da cirurgia apresentam TCC e assistem palestra com o gastrocirurgião Nelson Ary Brandalise
Os médicos-residentes da área de cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp apresentaram na manhã dessa sexta-feira (2) seus trabalhos de conclusão de curso (TCC). O evento marca o fim da residência médica em 11 especialidades cirúrgicas. Ao todo, 35 trabalhos de conclusão de curso foram apresentados dentro da programação da V Assembleia Cirúrgica, ocorrida no anfiteatro 1 da FCM e organizada pelo Departamento de Cirurgia - com o apoio dos professsores Fábio Hüssemann Meneses e Maria de Lourdes Setsuko Ayrizono - e também da Comissão de Residência Médica (Coreme) da FCM.
Ricardo Mendes Pereira, coordenador da Comissão de Residência Médica (Coreme) da FCM relembrou quando surgiu a obrigação dos médicos-residentes produzirem seus TCCs. “O Departamento de Cirurgia foi o primeiro que encampou a apresentação dos TCCs, que hoje é uma rotina na grande maioria dos Departamentos. Alguns TCCs viraram trabalhos de mestrado. Agora, estamos criando o Mestrado Profissional em Residência Médica, junto com a Comissão de Pós-Graduação da FCM”, revelou Ricardo.
Após a apresentação dos TCCs, três trabalhos foram premiados. A entrega ocorreu na Adunicamp durante a confraternização dos professores do Departamento de Cirurgia, médicos-residentes e convidados.
O prêmio de melhor TCC entre as especialidades foi para Simone Reges Perales com o trabalho Imunomodulação, insuficiência renal aguda e complicações do uso do basiliximab no pós-operatório de transplante hepático: Análise de 114 pacientes e revisão da literatura. A orientação foi da médica Elaine Cristina de Ataide. O prêmio de melhor TCC entre os médicos-residentes de cirurgia geral foi para Igor Braga Ribeiro com o trabalho Influência dos níveis de amilase no dreno abdominal sobre a morbimortalidade perioperatória após o bypass gástrico em Y de Roux. A orientação foi dos médicos Elinton Adami Chaim e Everton Cazzo. Já o prêmio de residente destaque foi para Gustavo Pamplona Guerreiro com o trabalho Achados citopatologicos de punção aspirativa de pacientes com câncer de tireoide submetidos a tireoidectomia total no Hospital Estadual Sumaré. A orientação foi dos médicos André Del Negro e Hugo Kenzo Akashi.
Nelson Ary Brandalise
A V Assembleia Cirúrgica contou também com a palestra sobre o inicio da laparoscopia e videolaparoscopia em Campinas, proferida por Nelson Ary Brandalise, gastroenterologista especialista em endoscopia digestiva do Gastrocentro da Unicamp. Na opinião do diretor da FCM, Ivan Felizardo Contrera Toro, Brandalise é um ícone da cirurgia da Unicamp e do Brasil.
“Talvez seja o cirurgião mais elegante do ponto de vista de conduta e postura”, ressaltou Ivan, afirmando que a apresentação dos TCC tornou-se uma tradição do Departamento e da Faculdade. “Obrigado aos residentes por tudo que fizeram para os pacientes e pelo que os médicos e docentes ensinaram”, finalizou Ivan.
Nelson Adami Andreollo, coordenador do Gastrocentro, fez uma breve introdução sobre a trajetória do professor Nelson Ary Brandalise, que em 1964 veio compor o início do Departamento de Clínica e Cirurgia, da então Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas. Andreollo lembrou também que Brandalise foi o primeiro cirurgião que desenvolveu, em Campinas, a técnica de tratamento do refluxo gastroesofágico por laparotomia.
“Brandalise cobrou de nós o esmero na técnica operatória, em utilizar os instrumentos cirúrgicos adequados para cada procedimento, a hemostasia e o término da cirurgia, com elegância, sem gritar, cobrando e ensinando, o tempo todo”, relembrou Andreollo, que foi orientado por Brandalise durante sua residência-médica em cirurgia.
Dominado pela surpresa ao ser convidado pelo chefe do Departamento de Cirurgia, Cláudio Saddy Rodrigues Coy, para fazer uma apresentação informal, Brandalise disse que relatar a história da introdução da laparoscopia e da videolaparoscopia em Campinas era valorizar as pessoas que ajudaram nessa trajetória, que teve muitos percalços e fatos pitorescos. “As icterícias eram um tormento. Não tínhamos outra coisa além do cérebro para pensar, as mãos para apalpar e o doente para ouvir a história”, revelou Brandalise.
De acordo com Brandalise, a laparoscopia e depois a videolaparoscopia entraram no arsenal do cirurgião e modificaram todo o treinamento e comportamento do cirurgião.
“Entramos na era da cirurgia mini-invasiva em praticamente todas as patologias do aparelho digestivo. Nós fizemos uma mudança da cirurgia aberta para a laparoscópica, e outras gerações vão passar pela robótica. É uma mudança fenomenal – temos que aceitá-la e criticá-la pelo alto custo –, mas a robótica abrirá portas para o futuro da cirurgia”, sentenciou Brandalise.