Inclusão: Política de cotas da Unicamp é apresentada durante reunião do CID da FCM
O professor do Instituto de Física da Unicamp Júlio César Hadler Neto, integrante do Grupo de Trabalho responsável pela organização das audiências públicas para debater política de cotas na Unicamp e o professor Jayme Vaz Jr, coordenador de pesquisa da Comissão do Vestibular da Unicamp (Comvest) participaram, na manhã de sexta-feira (7), da reunião ampliada do Conselho Interdepartamental (CID) e membros da Congregação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O convite para participarem da reunião foi feito pela Diretoria da FCM.
“O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) recomendou às Unidades de Ensino realizarem amplo debate a respeito dos dados, conclusões e propostas apresentadas pelo Grupo de Trabalho responsável pela discussão da política de cotas na Unicamp”, explicou Ivan Felizardo Contrera Toro, diretor da FCM.
O GT sugere a reserva de 50% das vagas nos cursos de Graduação para alunos de escolas públicas, com inclusão do critério de renda. Destes, 37,2% [o equivalente a 18,6% do total de vagas] seriam destinados a estudantes autodeclarados pretos e pardos. Outra proposta é a reserva de mais 18,6% de vagas para sujeitos autodeclarados pretos e pardos, que incidiriam sobre os demais 50% das vagas. O objetivo é alcançar o índice de 37,2% de sujeitos autodeclarados pretos e pardos, por curso e turno, sendo metade dessas vagas atreladas ao critério socioeconômico e a outra metade, independente deste. Os resultados do GT foram apresentados no Consu no dia 21 de fevereiro. Veja aqui o relatório na íntegra.
“Estamos propondo um novo paradigma. Queremos colocar a questão da inclusão e da diversidade de uma forma basta forte dentro da Universidade. Como implementar isso é uma discussão posterior”, disse o professor Júlio.
De acordo com Jayme Vaz Jr., a Convest faz uma análise técnica sobre qual seria o resultado do vestibular da Unicamp ao aplicar, por exemplo, a política de cotas. “A Convest faz o que o Consu determina. Ninguém tem dúvidas sobre a importância da inclusão. A questão é como ser implementada”, reforçou Jayme durante a apresentação das simulações dos modelos estatísticos possíveis a partir dos dados dos últimos dois anos de vestibular.
Para a coordenadora associada do curso de graduação em Medicina da FCM, Joana Fróes Bragança Bastos, a partir do vestibular passado [2016] nunca se viu uma classe tão diversa em termos raciais e sociais na faculdade. “Isso só vai enriquecer o curso de Medicina. Quanto mais plural, melhor será”, disse Joana. Entretanto, a professora que integra também uma subcomissão da Convest, alertou sobre os critérios de inclusão.
“Ninguém é contra políticas de inclusão. Na minha opinião, quando você tem uma população que passou o primeiro e segundo graus em escola pública, você consegue incluir uma população de baixa renda com uma maior diversidade racial e de gênero”, comentou Joana.
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