FCM planta árvore de Hipócrates no Dia Mundial da Bioética e Dia do Médico
Muda de árvore foi doada pela Fundação Hipocrática Internacional
Igualdade, justiça e equidade. Esse foi o tema do Dia Mundial da Bioética celebrado em 19 de outubro em todo o mundo, desde 2005, quando foi promulgada pela Unesco a Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos. Na Unicamp, a data foi comemorada na quarta-feira (18) pela manhã, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
“Há mais de 15 anos a FCM tomou a decisão de melhorar a formação de seus alunos no que diz respeito à postura ética e humanista. As disciplinas obrigatórias se estendem do primeiro ao sexto ano da graduação. Estruturamos um grupo de pessoas que tem estudado, aprimorado e interferido diretamente na formação dos nossos alunos”, revelou Flávio César de Sá, coordenador do Centro Interdisciplinar de Bioética e chefe do Departamento de Saúde Coletiva da FCM.
Em recente congresso internacional sobre currículo médico no Peru, o diretor da FCM, Ivan Felizardo Contrera Toro, disse que ao apresentar o currículo da faculdade, o que mais chamou a atenção das escolas médicas latinoamericas foi o eixo de bioética da FCM. “Isso é inusitado dentro e fora do Brasil e mostra a importância que damos ao tema em nosso currículo”, revelou Ivan.
Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, destacou em sua fala a questão da judicialização da área da saúde e a polarização extrema do mundo e a responsabilidade da Universidade na formação dos seres humanos. O reitor da Unicamp também relembrou, durante a mesa de abertura do evento, o número expressivo de quase 300 candidatos por vaga para o curso de Medicina, segundo dados do vestibular da Unicamp de 2018. “A disciplina de ética e bioética é a mais querida pelos alunos do Profis”, disse Knobel.
Após a mesa de abertura seguiram-se duas apresentações. A primeira foi a palestra “Igualdade, Justiça e Equidade", proferida por José Henrique Rodrigues Torres, juiz de Direito da 1ª Vara do Juri de Campinas e professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica da Campinas.
“Hoje, trabalhamos com dois pilares fundamentais na formação de juízes: humanismo e ética. Se queremos médicos humanos, queremos juízes humanos e se queremos médicos éticos, queremos juízes éticos”, disse Torres, que ministra aulas em todo o Brasil para a formação de juízes e juízas. Torres também foi homenageado durante o evento.
A segunda palestra da manhã foi proferida por Silvia Helena Rondina Mateus, médica pneumologista, advogada e conselheira do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cresmesp). O tema da palestra foi “O que significa atuar com igualdade, justiça e equidade para o médico no Brasil?”.
“A gente só consegue ir para frente, de lutar contra as coisas que achamos errado se tivermos a capacidade de nos indignar. Ou como dizia o médico Silvio dos Santos Carvalhal, ‘ninguém é melhor médico do que é como pessoa’”, comentou Silvia.
Árvore de Hipócrates
Foi na ilha de Cós, na Grécia, que Hipócrates ensinava medicina em baixo de um plátano, árvore que atinge até 30 metros de altura e uma vez por ano perde todas as folhas. Em viagem de turismo à Grécia no ano passado, os médicos Flávio Cesar de Sá, José Venâncio, Marco Peres e o padre Norberto, capelão do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, visitaram a ilha de Cós e foram recebidos pelo presidente da Fundação Hipocrática Internacional, que doou à FCM uma muda certificada da terceira geração do plátano hipocrático original.
“Há apenas 43 mudas plantadas em todo mundo. Somos a terceira escola médica a receber esse plátano no Brasil. Plantá-lo num dia tão especial como o Dia do Médico tem um significado especial”, revelou Flávio, emocionado ao contar a saga para trazer a muda da árvore ao Brasil.
O plantio aconteceu no jardim da FCM em meio a fotos, discursos e uma placa com os preceitos hipocráticos.