Estudo aponta que vacinação contra gripe em idosos com doenças crônicas não atinge meta do Ministério da Saúde
Nos meses de outono e inverno há um aumento dos casos de gripe no Brasil. A temperatura mais fria, o ar mais seco e a concentração de pessoas em ambientes fechados favorecem a transmissão do vírus da influenza. Campanhas de vacinação são feitas para evitar o risco de epidemias e infecções causadas pelo vírus, principalmente em grupos de risco, como os idosos e indivíduos com doenças crônicas.
Um estudo conduzido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp buscou estimar a prevalência de vacinação contra a gripe em idosos brasileiros com doenças crônicas - hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, AVC, doença no pulmão ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), asma, insuficiência renal, entre outras. O estudo foi conduzido por Aldiane Gomes de Macedo Bacurau, aluna de doutorado em Saúde Coletiva.
“A maioria das hospitalizações e óbitos são registrados nos grupos de risco, sobretudo, nos idosos. Durante as epidemias de influenza, a pneumonia é a complicação mais comum da doença, no entanto, podem ocorrer outras complicações como a exacerbação de doenças crônicas preexistentes. Mesmo diante da recomendação e disponibilização da vacina para idosos, dados sobre a prevalência de vacinação na população brasileira acima de 60 anos com doenças crônicas são escassos”, comenta Aldiane Macedo.
Para o estudo, a pesquisadora utilizou os dados de 23.815 idosos acima de 60 anos que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada no Brasil em 2013. Aldiane obteve informações sobre a vacinação contra a influenza nos 12 meses anteriores à pesquisa, considerando as doenças crônicas específicas.
De acordo com a pesquisa, a média de idade da população idosa foi de 69,9 anos e a maioria era mulheres (56,4%). A prevalência de vacinação contra a influenza nos idosos foi de 73,1%, sem diferença entre os sexos. Foram observadas diferenças significativas nas prevalências de vacinação, sendo maiores para aqueles com hipertensão arterial (75%), diabetes (76,5%), doenças do coração (79,2%) e doença no pulmão ou DPOC (87%). Para AVC (59,7%), asma (66%), artrite ou reumatismo (71%), insuficiência renal (64,8%) e câncer (73,5%) não houve diferença estatisticamente significativa nas prevalências de vacinação.
Na análise das doenças específicas segundo o sexo, constataram-se diferenças significativas nas prevalências de vacinação para hipertensão arterial, asma, artrite ou reumatismo, doenças no pulmão ou DPOC e insuficiência renal (maiores no sexo feminino) e AVC (maior no masculino).
“Os resultados apontaram prevalências de vacinação abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde em 2013, que era de 80%, exceto para doença no pulmão ou DPOC. A política de vacinação nesses grupos de risco deve ser incentivada, pois a vacina previne os casos graves da doença e óbitos em idosos e indivíduos com doenças crônicas. A próxima PNS deve ter início no segundo semestre de 2019. A meta de vacinação estabelecida pelo Ministério da Saúde desde 2017 é de 90%. As campanhas devem extrapolar o recorte etário e intensificar a abordagem da recomendação para tais subgrupos”, alerta Aldiane.
Os dados analisados resultaram em um artigo com informações inéditas sobre prevalência de vacinação em idosos com doenças crônicas e que foram publicados nos Cadernos de Saúde Pública. O trabalho também faz parte da pesquisa de doutorado Estudo sobre a vacinação contra a influenza em idosos e indivíduos com doenças crônicas, que está em desenvolvimento, sob a orientação da professora Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, da área de Epidemiologia. Leia aqui o artigo completo.