No dia 20 de dezembro de 1974, um grupo de jovens formandos do curso de Medicina da Unicamp recebia seu diploma de médicos. Quatro décadas depois, num gesto de carinho, os ex-alunos da 7ª turma de Medicina retornam à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – no mesmo dia da formatura – para comemorar a colação de grau de uma forma inusitada e simbólica: limpando e coletando lixo de corredores e alamedas da FCM. A ação foi coordenada pelo professor do Departamento de Cirurgia da FCM, Osamu Ikari.
“Nossa turma é diferente, pois conseguiu somar amor, amizade, mantendo-se sempre unida. Nós nos encontramos pelo menos uma vez por ano, sempre. São 40 anos de convivência. Ao vir para a Unicamp, fizemos movimentos de translação em torno da faculdade, cada um com seu brilho. Nossa turma foi mostrando essa fraternidade que nos une. Sozinhos, cada um é um, mas juntos, somos a sétima turma”, disse Carlos Magno, ex-aluno da FCM e orador oficial da turma que fez, inclusive, o discurso na colação de grau.
Depois de limparem a faculdade, recolhendo papéis, plástico, vidro e lixo orgânico espalhado por áreas de circulação comum, eles plantaram um pé de ipê branco e colocaram uma placa comemorativa da ação que marcou mais esse momento da turma. Em uma carta escrita para a Assessoria de Relações Públicas da FCM relatando a motivação desse gesto, os ex-alunos revelaram que no ano de 1969, cheios de esperanças, ingressaram na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Ao longo de seis anos, coletaram as jóias dos ensinamentos dos mestres, as emoções da vida estudantil, convivência, cidadania, ética e moral.
“Juntamos, nesses anos distantes, o coletado precioso nos arquivos do nosso espírito e distribuímos esses valores aos amigos, esposa, filhos e familiares. Percebemos, então, que por mais que os distribuíssemos, os nossos arquivos permaneciam cheios. Percebemos, enfim, que quanto mais se dá o bem e o amor, mais se ganha. Limparemos as alamedas da faculdade e prepararemos os caminhos para outros alunos esperançosos que, talvez agora, não entendam o significado do nosso gesto, mas que em alguns anos, talvez, venham a nos imitar”, escreveram.
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