A pesquisa “Detecção de Herpesvírus Humanos (HHV) em sistema nervoso central pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em pacientes imunodeprimidos”, realizada no Laboratório de Doenças Infecciosas por Técnicas de Biologia Molecular e Antigenemia (Laboratório de Vírus), da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), foi premiada em primeiro lugar durante o 47º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica, realizado em São Paulo.
A pesquisa de iniciação científica foi realizada pelo estudante de biomedicina Murilo Queiroz de Almeida Bonatelli, com a orientação da bióloga Sandra Helena Alves Bonon, e contribui para detectar infecções virais no sistema nervoso central (SNC), ao propor um diagnóstico diferencial em relação aos sinais e sintomas clínicos relacionados a doenças neurológicas, entre os quais: febre, cefaleia, déficits motores, alterações de comportamento e convulsões.
O estudo buscou compreender a atuação e a prevalência das infecções causadas pelos oito tipos de HHV no sistema nervoso central, sobretudo, nos pacientes imunodeprimidos. Foram analisadas amostras de DNA extraídas do plasma sanguíneo e do líquido cefalorraquidiano (LCR) de 35 pacientes atendidos no Ambulatório de Neurologia e Moléstias Infecciosas do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Das amostras analisadas, 57% apresentaram pelo menos um dos HHV pesquisados. A incidência do tipo HHV-7 foi maior, sendo encontrada em 29% dos pacientes infectados.
Apesar de não eliminar a necessidade de punção lombar – ainda primordial para a realização de outros exames – a pesquisa sugere uma complementação diagnóstica. “Se os médicos não conseguem obter determinado resultado pelos exames tradicionais, eles podem contar com mais uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico, principalmente pela infecção causada pelos herpesvírus”, explica Murilo.
Todos os tipos de HHV têm em comum a capacidade de estabelecer latência no organismo do paciente, podendo ser reativados. No caso de doenças neurológicas como encefalites, por exemplo, elas podem ocorrer tanto durante a primeira infecção, como durante o curso de reativação ou reinfecção do vírus, explicou Murilo em seu trabalho.
“Ao analisar o DNA dos pacientes, através da técnica da Nested-PCR, podemos contribuir para reduzir as incertezas do diagnóstico clínico e evitar a invasiva biópsia do cérebro, complementando os exames citológico, bioquímico e os de imagens já existentes. A técnica é capaz de detectar a presença do DNA viral no SNC. É um indicativo de que o vírus atravessou saiu do estado de latência e que pode dar início a um processo de replicação”, podendo causar sequelas permanentes no paciente, observa Sandra.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a reativação do vírus vai depender do histórico imunológico de cada paciente. O próximo passo é implantar a utilização do exame na rotina dos pacientes. “Queremos que a comunidade tenha conhecimento da realização deste exame aqui no HC. Muitas pessoas ainda realizam o exame fora do hospital, em outras instituições, entretanto, cada caso deve ser acompanhado individualmente”.
Texto: Camila Delmondes - ARP-FCM/Unicamp