O curso de medicina é o sonho de muitos jovens brasileiros. O da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp é um dos mais concorridos. No ano passado foram quase 14 mil inscritos para as 110 vagas disponíveis, numa média de aproximadamente 127 candidatos por vaga. A disputa é acirrada. E, após entrar no curso, o aluno percebe uma coisa pouco observada antes de prestar o vestibular: a carga horária. O curso de medicina da FCM tem 8.630 horas distribuídas nos seis anos letivos, todos em período integral.
“Do primeiro ao terceiro ano, o aluno tem quatro horas de folga semanais. A partir do quarto ano, priorizam-se as atividades práticas junto ao paciente, onde intensifica a carga horário do curso. No quinto e sexto ano, além das atividades regulares em período integral, os alunos participam de estágio supervisionado sob regime de plantão em horários noturnos, finais de semana e feriados em escala de rodízio”, explicou a coordenadora pedagógica do curso de medicina da FCM da Unicamp, Silvia Passeri.
Pelo fato do curso de medicina exigir quase dedicação exclusiva do aluno, o Centro Acadêmico Adolfo Lutz (CAAL) organiza, de 16 a 19 de setembro, das 12h20 às 13h30, nos anfiteatros da FCM, a Semana da Saúde do Estudante de Medicina. A ideia surgiu durante a participação de alguns alunos que são membros da gestão “É tempo do Centro Acadêmico” no Congresso Brasileiro de Educação Médica, promovido pela Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) em 2012.
"É fácil encontrar artigos de educação médica que avaliam a qualidade de vida do aluno, porém quase nada é feito para melhorar essa situação. A gente vai ter que cuidar da saúde dos nossos pacientes, mas acabamos nos esquecendo de cuidar da nossa própria saúde e da nossa vida pessoal. Queremos mostrar que existe vida além do curso de medicina”, afirma a terceiranista Fernanda Cassain e uma das organizadoras da Semana.
"Após o congresso, voltamos para a Unicamp e pensamos como poderíamos chamar a atenção dos alunos para a questão da qualidade de vida do estudante de medicina. Tivemos algumas reuniões com o professor Egberto Turato, que sugeriu uma semana de oficinas para abordar essa questão sob diferentes formas. Foi assim que surgiu o evento”, conta a aluna Isabela Gusson.
“Fazer medicina não deve ser um martírio, mas sim um processo bom e adequado de aprendizado”, comentou o aluno e membro do CAAL, André Palma.
A programação da Semana conta com atividades lúdicas como a decoração dos cordões de porta-crachás – atividade executada nesta segunda-feira (16); palestra sobre saúde mental, exercícios e práticas relaxantes para o corpo e dicas de alimentação com receitas saudáveis. A participação é aberta a todos os alunos do curso de medicina, do primeiro ao sexto ano, inclusive para médicos-residentes da Unicamp. Veja programação.
Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp