Universidade de Liverpool está de olho em alunos de graduação e pós

A Universidade de Liverpool, do Reino Unido, está de olho em alunos de graduação e pós-graduação brasileiros, principalmente da área da saúde. Fábio Miyajima, pesquisador senior e fellow do Centro de Medicina Personalizada da University of Liverpool (Reino Unido) e membro delegado do Instituto de Medicina Translacional para fazer acordos bilaterais com instituições acadêmicas no Brasil, viajou de Manaus até Santa Catarina, divulgando as estratégias da Universidade de Liverpool para atrair alunos de graduação e pós-graduação.

Nesta segunda-feira (27), Fábio esteve na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp onde fez uma breve apresentação sobre prospectos e novos conceitos em epidemiologia molecular (‘omics’), diagnósticos e medicina personalizada e conversou sobre a importância da internacionalização das pesquisas e o perfil de alunos e até professores que a Universidade de Liverpool procura.

“Queremos nos internacionalizar em mais de 50%. No momento, estamos em 30% e o número de brasileiros é muito pouco. Procuramos alunos de graduação e pós-graduação inteligentes, dispostos e com muita vontade de aprender e transmitir seus conhecimentos em outros países”, disse Fábio.

Graduado pela Universidade de São Paulo, mestre pela Unicamp e doutor em epidemiologia da saúde e genética molecular pela Universidade de Manchester, Fábio disse que o índice de publicação, produção científica e experiência internacional brasileira são muito baixos comparados com países do primeiro mundo. “É uma parte que o Brasil está deficiente e precisa melhorar muito. Além, disso o estudante brasileiro precisa aprender outras culturas, línguas e detalhes associados à pesquisa”, comentou.

O professor da disciplina de dermatologia do Departamento de Clínica Médicas da FCM, Paulo Eduardo Neves Ferreira Velho, ao fazer o seu pós-doc no centro de imagens do departamento de dermatologia na Universidade de Minessota, nos Estados Unidos, percebeu a relevância da internacionalização. Amigo de Fábio desde a época do mestrado, Velho disse que entre 20% e 25% do que se produz em pesquisa no Brasil é indexado no ISI, mas isto não significa que os quase 80% do que não está indexado pelo ISI não tenha qualidade.

“Muitas vezes não temos parcerias ou expomos os trabalhos de forma adequada. Essas cooperações valorizarão o que estamos produzindo em quantidade e qualidade”, disse Velho.

O próprio Fábio acredita que a médio prazo os países da Europa, Ásia e América do Norte poderão beneficiar-se com as pesquisas brasileiras, uma vez que há, no Brasil, uma diversidade incrível de população, problemas de saúde, problemas biológicos e problemas associados ao gerenciamento de recursos naturais que servem como base para pesquisas internacionais.

“Quem quiser uma publicação num periódico de nível internacional como Nature, Science ou New England Journal Medicine precisa de cooperação. Uma pesquisa, hoje, é realizada por 30, 40 autores. O Brasil só tem colaborações pontuais. As pesquisas devem ser em nível de País ou instituição, ao invés de Departamento. Há muito que ser feito”, explicou Fábio.

A Universidade de Liverpool está entre as 50 melhores da Europa, tem um índice de produção satisfatório, um número de publicações por equipe muito bom, acesso à tecnologia, colaborações e consórcios internacionais para a realização de pesquisas. Entre as estratégias de intercâmbio para alunos de graduação há o "MRes placements" de 12 meses e para alunos de pós-graduação há o doutorado sanduíche ou pleno via Programa Ciências sem Fronteiras do CNPq, FAPESP e Conselho de Pesquisa do Reino Unido (RCUK).

Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp